sábado, 5 de abril de 2008

No buzú

Estava voltando mais um dia do trabalho, num puto cansaço e, portanto, sem a mínima vontade de fazer o percurso andando. Seriam 15 minutos na paleta, mas preferi pegar o buzu, gastar o crédito do salvador card e gastar apenas 5 minutos. Quando entrei no transporte e empunhei meu cartão, a máquina acusou: “R$0 de crédito”.

- Ahn!? Essa porra tinha crédito

- É... Tem mais não – disse o cobra

- Oxe... Agora é que foi. Vou ver se tenho dinheiro aqui.

Isso o buzú já tinha andado e milagrosamente achei R$10 na carteira. Entreguei.

- Tem troco não.

- Como assim?

- Tem troco não, man.

- Porra véi... Só tenho esse ai.

- Mas num tem troco. Posso fazer nada.

- Pode sim. Você tem que ter troco, né possível.

- Tem não, ó! Tá vendo que aqui num tem porra nenhuma.

- Claro! Mas vocês são obrigados a ter troco até no máximo R$10, ta dizendo ai nesse adesivo no vidro.

(lá vai eu tentar ser moralista e defensor dos direitos humanos)

- Anh!? Esse aqui?

- É, esse mesmo.

- Rapaz... Tá ai mas num tem troco.

- Porra... E ai, como é que faz? Quero chegar em casa e tô com a grana pra pagar.

- Pois é... Sabe quem colocou esse adesivo ai?

- Sei lá!

- Nem eu! A parada tá ai mas a lei é essa aqui e não tem troco.

- Então tá. Vou ficar aqui e saltar do buzú sem pagar.

- Por mim...

Ai o coletivo chegou no meu ponto e eu saltei sem pagar. Na saída, vi uma mulher entrando no buzú com a carteira aberta e puxando uma nota de R$10, pronta para fazer o pagamento ao nobre cobrador.

4 comentários:

Gustavo Castellucci disse...

hehehehehehheheh
ACM era massacrado, mas é dele a frase que melhor retrata o nosso povo, nossos costumes e nosso cotidiano:

"Só se vê na Bahia..."

Alcione Torres disse...

kkkkkkkkkkk
Muito boa! Salvador tem dessas coisas!

Paulo Bono disse...

conheço gente que faz de propósito. leva uma de dez, vinte até cinquentinha pro cobrador deixar saltar sem pagar.

abraço

Anônimo disse...

"- Por mim..."