segunda-feira, 7 de abril de 2008

O pombo arruaceiro

Era uma bela tarde de um dia qualquer. Em Salvador isso quer dizer um sol infernal e um calor de fritar ovo no asfalto. Sobreviver a esses dias é uma tarefa difícil, só com ventilador (pra quem é pobre e não tem ar condicionado) e muito banho. Mas eis que a lei de murphy se “personifica” num estranho acontecimento. De repente, um estrondo ensurdecedor e a luz se vai. Simples.

- Que porra foi essa ai?

- Alguma coisa aconteceu, sei lá. Xô ver ali – e corre a empregada para verificar.

Minutos depois ela volta.

- Aquele transformador lá queimou e tá sem luz.

- Não diga... Qual transformador? Da onde?

- Aquele do banco, em frente ao banco.

- Ah tá, vou ligar pra aqueles preguiçosos da Coelba.

Tarefa ingrata essa. Alguém já tentou ligar para a Coelba? É um martírio. Mas como eu estava puto e com calor, era melhor do ficar suando sem poder descontar em alguma atendente miserável. Depois de inacreditáveis 4 minutos só de instruções e voz eletrônica repetindo um monte de coisas sem sentido, consegui falar com a mulher.

- Boa tarde. Quero comunicar falta de energia na minha rua aqui na pituba... Aveni...

- Senhor, você poderia me confirmar o endereço?

- Pois é, é o que eu ia dizendo quando você me interrompeu.

- Desculpa, senhor. Você poderia me confirmar o endereço?

- Claro. Aveni...

- Obrigado. Iremos verificar e mandar uma equipe se possível.

- Se possível? Tamo sem luz, meu amor. Liga logo pra uma daquelas equipes que ficam na rua. Eu sei. É tudo terceirizado. É simples, vai.

- Primeiro, senhor, temos que verificar. Essa sua ligação eu passo para uma outra equipe interna e eles que resolvem o que fazer.

- Ah, merda, tanto faz...

Desliguei e fiquei esperando. Deu meia hora. Deu uma hora, duas horas e nada da luz voltar. Toda hora eu olhava na rua para ver se a tal equipe chegava. E nada. Eis então que 2h e meia depois aparece o tal Uno e um caminhão-sei-lá-o-que com uma escada. Eu, espertalhão, fiquei de butuca para ver como se daria o conserto. A luz voltou.

- Zé, que aconteceu pra dá aquele estrondo todo? – perguntei ao porteiro do prédio.

- Disseram que foi um pombo.

- Que porra de pombo o que Zé, tá louco?!

- É sim. Um pombo pousou ali e fudeu com a porra toda. Ó lá os cara levando o pombo embora.

E lá se foi o pombo morto entre as tralhas da Coelba. Olhei para cima e vi uma dezena de pombinhos em cima da fiação e do próprio transformador. Medo.

2 comentários:

Gustavo Castellucci disse...

Você ainda teve a sorte de poder conversar com alguém... toda vez que ligo para a Coelba ouço a mensagem eletrônica: "Já identificamos o problema na sua região. Uma equipe está sendo enviada para verificar. Por favor, aguarde!"

E haja paciência...

Paulo Bono disse...

pombo filadaputa!