segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Amor de Itaparica

O bairro do Tororó era a guarida durante 10 meses do ano. Para a família Oliveira, aquele período era igual ao de muitos outros soteropolitanos: chato e corrido, sempre à espera das férias. O que sobrou do ano, sim, era um período excitante. Todos iam passar as férias na ilha de Itaparica.

Joel era o mais danado. Desde que se entende por gente o menino corre solto pelas ruas e praias da ilha. Não parava quieto. Arminda, mãe dele e de mais quatro garotos, desdobrava-se em mil para conseguir segurá-lo. Hoje, com 19 anos, Joel nem se lembra das peripécias do passado, e só quer saber mesmo das meninas. Para ele, não interessa a idade ou a procedência. Nessas últimas férias o problema foi grande.

A questão toda era reencontrar todas aquelas garotas que ele já havia levado para trás da Barraca de Bigode, um barraqueiro boa praça que cedia os fundos do seu estabelecimento para as aventuras sexuais dos garotos. Dizem uns que o coroa era tarado e ficava espiando de longe, mas isso pouco importava para Joel. Negro, alto e dono de famoso dote sexual, ele não se contentava com pouco. E até por isso muitas garotas corriam atrás dele, mesmo parte delas com medo do volume por debaixo de sua calça.

O reencontro naquele ano foi tranqüilo até, e poucas foram as que vieram correndo atrás dele. Joelma foi uma delas. Dona de inigualáveis seios e ancas enormes, ela fazia parte do rol daquelas mulheres de encher um copo inteiro, chegando até derramar algumas gotas, logo sorvidas por lábios apressados. Joel adorava traçar Joelma; era um negócio tremendo, quando os dois transavam a lua se escondia de tanta vergonha. Os dois ferviam. Até hoje a barraca de Bigode ostenta um amassão na parte traseira; ninguém se arrisca a confirmar nada.

Tânia é outra. Moradora de Itinga, também passa todas as férias na ilha. Joel se desdobra pra agradar ela também, que é adepta do sexo seguro. O rapaz não curte muito não, mas é só ela juntar seu corpo contra o dele, para o garoto subir num tesão estrondoso. Ela, magrinha, sucumbi ao porte atlético dele. O vai e vem deles já fez gatos e cachorros de platéia.

Porém, a grande paixão de Joel é Aninha, justamente uma menina que ele nunca transou, sequer beijou. No verão de 2005 chegou perto, quando ela ficou bêbada numa festa regada a cerveja quente e pagode, mas acabou mesmo pegando a irmã dela. Muda a coitadinha, gemeu tanto naquela noite, que amanheceu falando. Milagre que ninguém sabe a procedência e que ela, também, não quis contar. Então Aninha faz jogo duro até hoje. Sua irmã muda, Glorinha, insiste até não poder mais, achando que o sexo do rapaz pode curar a gagueira dela. Joel não sabe disso.

Nesses anos todos, ele nem teve chance de saber. Aninha tem um corpo escultural: seios perfeitos, suficientes para encher a mão sem tirar nem pôr, bunda proeminente, barriga correta e carinha de anjo. Talvez uma das últimas almas femininas de Itaparica que ele não tenha traçado. Essa era a meta para aquelas férias. Mas Aninha, como sempre, calada e tímida passeava sempre com a irmã a tira colo. É verdade que na primeira noite, descontente com um fora dela, Joel tenha ido para a barraquinha acompanhado de Selma, coroa boazuda de Paripe. Comeu e amanheceu com mais sede de Aninha.

A garota era esperta. Queria muito estar suando junto com Joel, num vai e vem intenso de pernas e coxas. Mas o jogo dela era outro. Como era gaga, dificilmente teria novamente o rapaz em suas mãos, isto é, depois da primeira foda, ele ia sair fora. Então a onda era ser difícil, e foi o que ela fez o tempo todo.

Toda noite a praça de Itaparica se enchia de garotos da classe média soteropolitana, com seus carros novos com o som tampando a mala. O lado pobre da ilha não se intimidava e pegava o bonde andando mesmo. Sem gastar um tostão. Joel sempre pegava uma ou outra patricinha, mas eram fracas em relação a Joelma ou Tânia. Nessas noites ele investia em Aninha, mas quase sempre sem sucesso. Quase.

Na última noite, dia de uma festa fechada com muito pagode e clima efervescente, Joel partiu para o ataque soviético: encostou Aninha na parede e puxou-lhe pela bunda. A garota urrou de desejo, mas mesmo assim ainda tentou dar uma de difícil. Porém, entregou-se, não sem antes se encher de coquetel molotov, uma bebida inventada ali mesmo na ilha e que poucos sabiam a real procedência. Até o destino final, a barraca de Bigode, Aninha descarrilhou a falar, mas em nenhum momento gaguejou. Joel estava bêbado também e pouco entendeu.

A manhã seguinte foi de despedidas. Era o domingo derradeiro, o último dia das férias de todos. O Ferry Boat estava lotado como sempre e Joel atrasado. Chegou em casa junto com os primeiros raios de sol e só conseguiu acordar quase 18h. O sorriso em seu rosto era brilhante. Enfim sua meta tinha sido alcançada e de uma maneira memorável. Talvez aquela noite tenha sido a melhor de todas para ele. Os dois juntos amassaram em mais um ponto a barraca de Bigode, juntaram cães e gatos ao redor, fizeram da lua uma mera coadjuvante da noite e chegaram a um novo nível da palavra ‘sexo’.

Aninha, por sua vez, acordou cedo. Curada da ressaca, chegou à mesa do café tranquilamente e conversou sobre todos os assuntos com a família. Mais uma vez, ninguém entendeu nada, já que a menina não mais gaguejava. A única que sorriu com o canto da boca foi Glorinha, que já pensava em inventar algum distúrbio para ser curada dali a um ano.

10 comentários:

Unknown disse...

huahauhauhauhauhauhaua... Esse vai pro livro, hein?!

Um beijo!

Mwho disse...

Sensacional!
Emoção do começo ao fim!
Obs.: Agora entendi porque existem alguns amassados nessas barracas...

Anônimo disse...

esse Joel tá concorrendo a vereador? hehe

Sunflower disse...

o-o-o-o-o Jo-jo-jo-jjjj- EL tem te-te-te-te-lefone?


beijaaaa

Larissa Santiago disse...

eu tenho uns TOC's, será que ele cura??
^^

Anônimo disse...

Castor, adorei o texto! Acho que foi por causa do cenário, Itaparica, que esse texto me lembrou João Ubaldo Ribeiro.

Olha, meu novo endereço é www.vinildigital.com

Abraços!!!!!!!!!!!

Marcio Melo disse...

Amor de Itaparica, é o amor que fica?! hehehe LÁ ELE!!

Rodrigo Carreiro disse...

Porra, man... Você foi na mosca. Essa era a intenção hahahah

george araújo disse...

e o amor? ficou?
hummmmmmmmmmmmmm


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Anônimo disse...

hahahahha...
Medo!!