Era uma bela tarde de um dia qualquer. Em Salvador isso quer dizer um sol infernal e um calor de fritar ovo no asfalto. Sobreviver a esses dias é uma tarefa difícil, só com ventilador (pra quem é pobre e não tem ar condicionado) e muito banho. Mas eis que a lei de murphy se “personifica” num estranho acontecimento. De repente, um estrondo ensurdecedor e a luz se vai. Simples.
- Que porra foi essa ai?
- Alguma coisa aconteceu, sei lá. Xô ver ali – e corre a empregada para verificar.
Minutos depois ela volta.
- Aquele transformador lá queimou e tá sem luz.
- Não diga... Qual transformador? Da onde?
- Aquele do banco, em frente ao banco.
- Ah tá, vou ligar pra aqueles preguiçosos da Coelba.
Tarefa ingrata essa. Alguém já tentou ligar para a Coelba? É um martírio. Mas como eu estava puto e com calor, era melhor do ficar suando sem poder descontar em alguma atendente miserável. Depois de inacreditáveis 4 minutos só de instruções e voz eletrônica repetindo um monte de coisas sem sentido, consegui falar com a mulher.
- Boa tarde. Quero comunicar falta de energia na minha rua aqui na pituba... Aveni...
- Senhor, você poderia me confirmar o endereço?
- Pois é, é o que eu ia dizendo quando você me interrompeu.
- Desculpa, senhor. Você poderia me confirmar o endereço?
- Claro. Aveni...
- Obrigado. Iremos verificar e mandar uma equipe se possível.
- Se possível? Tamo sem luz, meu amor. Liga logo pra uma daquelas equipes que ficam na rua. Eu sei. É tudo terceirizado. É simples, vai.
- Primeiro, senhor, temos que verificar. Essa sua ligação eu passo para uma outra equipe interna e eles que resolvem o que fazer.
- Ah, merda, tanto faz...
Desliguei e fiquei esperando. Deu meia hora. Deu uma hora, duas horas e nada da luz voltar. Toda hora eu olhava na rua para ver se a tal equipe chegava. E nada. Eis então que 2h e meia depois aparece o tal Uno e um caminhão-sei-lá-o-que com uma escada. Eu, espertalhão, fiquei de butuca para ver como se daria o conserto. A luz voltou.
- Zé, que aconteceu pra dá aquele estrondo todo? – perguntei ao porteiro do prédio.
- Disseram que foi um pombo.
- Que porra de pombo o que Zé, tá louco?!
- É sim. Um pombo pousou ali e fudeu com a porra toda. Ó lá os cara levando o pombo embora.
E lá se foi o pombo morto entre as tralhas da Coelba. Olhei para cima e vi uma dezena de pombinhos em cima da fiação e do próprio transformador. Medo.
2 comentários:
Você ainda teve a sorte de poder conversar com alguém... toda vez que ligo para a Coelba ouço a mensagem eletrônica: "Já identificamos o problema na sua região. Uma equipe está sendo enviada para verificar. Por favor, aguarde!"
E haja paciência...
pombo filadaputa!
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