sexta-feira, 6 de junho de 2008

Jota Paixão

A habilidade de Jota com as mulheres era incrível. Mais ainda porque faltava-lhe cabelo e muita generosidade da genética. O que ele conseguia, portanto, tornava-se ainda mais inacreditável. Os amigos já estavam cansados de entender o porquê daquilo tudo. E ele tinha 40 anos.

Se perguntado quantas mulheres já teve na vida, Jota desconversava. O homem era tinhoso, mas nem um pouco arrogante. Talvez esse tenha sido o segredo guardado durante muitos anos, essa humildade intrínseca e que arrebatava corações. De todas as idades e tipos, diga-se de passagem, porém a tara de Jota era por cabeleleiras. Enquanto seus amigos cortavam por R$5 num barbeiro qualquer da Avenida Sete, Jota preferia salões pé-sujo em bairros nobres. Sim, porque ele acreditava que nesses tipos de salões as mulheres eram muito mais vulneráveis. Primeiro porque elas ouviam lamúrias de dondocas sem dinheiro – e assim as profissionais vivam de saco cheio, à espera de um escape -, e segundo porque o rapaz era bom mesmo.

Constantemente ele se apresentava como Jota Paixão, um sobrenome aparentemente ridículo, mas que sempre ajudava a quebrar o clima. Ele chegava de mancinho, conversava sobre tudo, principalmente novelas e sempre fingia conhecer todas as fofocas do bairro. Na Pituba ele era craque; já tinha passado o rodo em cerca de 10 salões. Porém, nunca duas mulheres do mesmo estabelecimento. O homem tinha lá sua ética.

Então já era hora de Jota Paixão entrar em ação, afinal já era final de mês e seu cabelo dava voltas.O bairro escolhido mais uma vez foi a Pituba, num salão novo que acabara de ser inaugurado numa daquelas ruas de estados brasileiros. A primeira impressão do local, é bem verdade, não foi das melhores. Tinha muito viado e poucas mulheres. Dessa vez então ele tentou outra tática: atacar a pedicure. Não era muito convencional, mas já havia funcionado antes.

Norminha era uma mulher cheia de carne, muitas até saindo por fora da blusa. Mas tinha uma bunda descomunal, o que muito agradava o nobre Paixão. A sutileza dos afagos no pé vieram logo no início, numa massagem fenomenal. Jota estava lá. Há cerca de 20 minutos destilava suas cantadas sutis e infalíveis, sempre trocando olhares furtivos com a pedicure. Tesão à primeira vista.

No final do dia Norminha já descansava belamente na cama de Jota. Ele, claro, só prestava atenção naquela bunda imensa. E tomava uma cerveja, porque sempre depois de uma boa foda ele tomava uma gelada, que muitas vezes era mais recompensador que o sexo. Mas dessas vez não. Norminha atacou com força o nobre Jota, deixando-o sem ação durante longos 10 minutos após o coito. Era incrível, nas próprias palavras do garanhão.

Essa não foi a única vez de Jota e Norminha. O homem, que nunca havia se apaixonado, parecia que agora tinha um tambor no coração quando via a pedicure. Era um fervor só. Passou mais de 2 meses e ele só conseguia pensar nela. E na bunda dela, obviamente. Ele não tinha chegado perto de nenhuma outra mulher nesse período, fato inédito que já vinha preocupando seus amigos. Mariozinho mesmo achava que Jota já era. O fim de um mito. Cesinha era mais otimista e achava que aquilo era apenas uma fase.

E que fase. Jota Paixão estava encoleirado. Norminha não dava mole para o rapaz e vivia dando canseira até ele dizer chega. Ele não tinha mais pique para nenhuma outra mulher, e com isso Norminha ia domando o leão enfurecido transformando-o em um mero gatinho. Do jeito que estava, a morena bunduda tinha até convencido Jota a fazer uma coisa que ele jamais fizera em mais de 10 anos: mexer na sua poupança.

Aquele dinheiro estava guardado para a aposentadoria. Jota pretendia usar o dinheiro na compra de um buteco arrumadinho no Pelourinho. Achava que lá dava muita grana no verão, além de ser um ótimo local para conhecer gringas. Tudo verdade, mas com sua paixão doentia, Jota decidiu acatar a sugestão de sua amada e abrir um pequeno salão ali mesmo no Centro Histórico.

Tudo resolvido, Norminha era só felicidade e dava ainda mais canseira em Jota. Os amigos não o viam mais, as antigas namoradas o procuravam nas vielas da cidade e nada achavam. Ele estava preso num intricado jogo de sexo, que para ele estava sendo muito proveitoso. Ai é que está.

Norminha não era boba. Muito pelo contrário, ela sabia desde o começo muito bem quem era Jota Paixão. O garanhão já havia desiludido o coração de várias amigas e, quando naquele dia o viu entrando no salão, não pensou duas vezes em dar o golpe nele. Sabia de sua atração por bundas e só vestia roupas que realçavam seus glúteos. Aquela massagem inicial foi planejada com minúcia e executada com maestria. As surras sexuais, a bem da verdade, foram reais mesmo. A morena era fogo.

E era astuta também. Depois do salão aberto e com alguns meses de funcionamento, era a hora do golpe fatal. A idéia era sacanear de verdade, afinal já haviam passado 1 ano desde que conheceu Jota Paixão. E agüentar esse tempo todo não foi fácil. Norminha então reuniu suas amigas desiludidas (eram cinco ao todo) e chamou à sua casa. Jota viu tudo aquilo e achou o máximo, pensando ele que iria se dar bem. Só não conhecia uma daquelas, mas concluiu que poderia não estar lembrando de mais uma no meio de tantas.

Essa era perigosa. No meio de um stripper coletivo, a desconhecida se revelou um belo de um travesti. Jota ficou realmente com medo, já prevendo o que poderia acontecer. O travesti não teve dó e deu uma bela “surra” no garanhão, daquelas que ele estava acostumado tomar de sua amada esposa.

Norminha expulsou o marido de casa. Armou bem e ficou com tudo dele, desde a casa ao salão recém-inaugurado. Jota Paixão saiu mancando daquela noite. Hoje ele tem trauma de pedicures e bundas, mora num cortiço e só ataca mulheres magras.

9 comentários:

jorginho da hora disse...

Cara, acredite se quiser, mas eu conheci um cabra igualzinho a esse. A diferença é que ele nunca foi muito modesto.

Um abrço.

Sunflower disse...

Esse Jota manja.

Anônimo disse...

rpz..

eu quero ver aqui o capítulo "Jota Paixão - O Retorno"

auhauhauha esse eu quero ver!!

e lá em criciúma, empate?? Difícil hein..

ehueh bote no bolao 2 a 0 pro cri cri..

quesos

Paulo Bono disse...

norminha, aquela puta.

Jeffmanji disse...

Esse Jota é o Cara!?

Anônimo disse...

Pô, escorregou na pedicure. Mas ainda tem muito salão por aí. Aguardo o retorno do Jota.

Bruno Porciuncula disse...

Grande segundona!!

Sou leitor assíduo do seu blog, apesar de nunca ter comentado. Criei um "plagiando" um post seu.

http://dezmaisdetudo.blogspot.com/

No meu primeiro post falo das 10 cenas inesquecíveis de final de filme.

abração!

Bruno Porciuncula disse...

Rapaz, eu curto filme de dança, mas se como falei, filme com música no final é sempre marcante. Ainda mais os que citei, que lembram Sessão da Tarde, infância e tal...
E esse final é o da primeira parte mesmo. Quando Michael vira Don e a galera beija a mão dele em respeito.

Valeu a visita ao meu blog!

Larissa Santiago disse...

Puta, não, mulher moderna!
até algum tempo só homens podiam sacanear... as mulheres também conquistaram esse direito!
:P