quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
É verão, sei lá...
“... dá uma vontade louca de se dar...”. Calma, isso é apenas o trecho de uma pérola do axé music que retrata perfeitamente o atual momento da cidade. Aliás, eu poderia escrever esse texto sobre o verão soteropolitano e replicá-lo nos próximos anos. Mais uma vez calma: temos salvação.
Os tambores já começaram a se aquecer em meados de novembro. Para quem não sabe, a indústria do axé se apropriou de uma prática carioca, a dos ensaios. É, se lá no Rio de Janeiro as tradicionais escolas de samba fazem ensaios periódicos, os artistas da música baiana também fazem os dele. E são muitos. Como eu disse, começaram já no longínquo novembro, mas vem se arrastando e crescendo a cada dia. Se você, caro leitor, pousar hoje em Salvador, terá uma vasta opção da fauna de bandas e artistas da terra. Tem de todos os tipos.
Se eu falei bem da cultura baiana em 2008 (elegi no top 10 melhores fatos do ano), parece que no verão a situação se inverte. É complicado. Os turistas ainda veem à cidade em busca de diversão hedonista – tema esse que tratarei em outro post, isto é, falarei do turismo sexual na cidade. Não adianta ter um programa cultural mais apurado, uma peça mais elaborada ou um show de artistas desconhecidos. O povo quer o velho axé, o novo pagode e muita cerveja e mulher de graça. E é justamente isso que eles encontram.
Os ensaios, portanto, pululam pela cidade. De segunda à segunda a programação é vasta. Eu me perguntava onde é que o soteropolitano arranjava dinheiro para ir a tantas festas, já que custam cerca de 50% a mais que em outras épocas do ano. A resposta é simples: o povo local não tem dinheiro, quem tem são os turistas. Mas, mente questionadora, quem lota os shows são só turistas? Não, incauto. Não! Esses ensaios entopem de gente, mesmo com valores exorbitantes, que já é rica, que gasta dinheiro o ano todo, mas que sozinha não sustentaria essa quantidade de eventos o ano todo. E quem completa? Isso mesmo, sabidão, os turistas. Digamos que existe uma razão perfeita de 50% baianos e 50% turistas. Equação exata.
Porém, o pior de tudo (pois é, ainda tem coisa pior...) é que bandas e artistas de nenhuma expressão, nem mesmo local, surgem “do nada” e começam a lotar shows nos lugares mais inusitados. Turista vai porque não conhece nada mesmo, isto é, 50% da lotação está garantida e aí os soteropolitanos sedentos por carne nova vão também. Fechou.
A minha opinião sobre o axé music muitos já conhecem, ou se não conhece por favor clique no link indicado. Só para resumir: o estilo acabou, pois passaram-se anos e nada, eu disse, absolutamente nada mudou musicalmente nem socialmente. O pagode – outro tema que dá um belo post – reinventou-se e criou um novo esquema cultural e musical aqui em Salvador.
Se tem uma coisa positiva nisso tudo é que a indústria carnavalesca sabe ganhar dinheiro. Enquanto muitos empresários do país lutam para vender CDs, os locais criaram um mercado extremamente rico e vantajoso. Maior exemplo disso tudo é uma pesquisa que saiu no Jornal da Metrópole, veículo local ligado a uma rádio, em que 75% dos outdoors no verão são de faculdades e festas. “Sigam-me os bons?”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
11 comentários:
Outra coisa que vale comentar do fato de Salvador ser uma "cidade de veraneio" é que alguns bares e restaurantes ficam mais caros por causa do verão. Isso também é foda!
Realmente é preciso olhar para o pagode baiano com outros ouvidos!!!
Abraços
Muito informativo o seu texto. Adoro conhecer o olhar pessoal de quem vive em outras cidades, sem aquela publicidade irritante e reportagens ditas imparciais, veiculas por tevês e revistas aos montes.
TÔ FUDIDO!
nunca fui fã de axa não gosto de rock mesmo, mas pra perder uns kilinhos pro verão entrei na aula dde axé e to adorando, meu conceito sobre o ritmo esta mudando.
bjosss...
o salão de festas do brasil
...
quiça! do mundo...
rs
abraços
>>
E o que a gente vai fazer?? Marketing de Guerrilha nas festas, onde ta o povo.
=D
Rodrigo, adoro a Bahia. Mas axé music é muito ruim. Aliás, todas as músicas feitas no estilo "vamos dar ao turista o que ele quer" são uma droga. Música boa, em geral, é a que é feita sem a intenção de agradar e levar um troco. Embora existam aquelas que conseguem fazer as duas coisas. Um abraço,
Realmente, os ensaios, festas, etc, são mesmo MUITO caros! Absurdamente caros. Não dá nem vontade de querer ir. hauahauahua
Seu blog é muito legal.
Abraços!
Hasta!
Acordem-me após o carnaval, quando o Brasil voltar ao normal...
queria ser nora de gandhi.
Postar um comentário