segunda-feira, 30 de junho de 2008

Diálogos do Cotidiano – Que dia é hoje?

- Sabe que dia é hoje?
- Hm... Não.
- Desculpe. Deixa eu me apresentar. Sou Marcos, voluntário do Grupo de Apoio do...
- Ei amigo. Tô zerado. Tenho nada pra dar não
- Deixe pelo menos conhecer nosso trabalho. Somos o Grupo de Apoio aos Gays, que vem ao longo dos anos reparando várias injustiças que...
- Apoio? Pra quê gays precisam de apoio? Eu tenho um emprego fudido numa empresa fudida. Tem algum grupo de apoio pra isso?!
- Catho, Manager Online, Simm...
- Tudo merda. Essas empresas só sugam o dinheiro dos otários e esses programas do governo só servem pra angariar votos. Pura besteira.
- Pode até ser, mas o nosso Grupo de Apoio aos Gays vem realizando um trabalho belíssimo no que tange ao preconceito das pessoas com os homossexuais. Sabe quantos gays foram vítimas de violência nos últimos 3 anos? É mais de...
- Vem cá... Você vive disso é? De abordar as pessoas em pleno ponto de ônibus pra arrecadar fundos? Porra!
- Sou advogado e faço trabalho voluntário.
- Logo vi...
- É? E porque?
- Esse seu vocabulariozinho: “no que tange ao preconceito” Ai ai...
- Você está sendo preconceituoso
- É? Então chama o Grupo de Apoio aos Advogados. Tem?
- Sim. OAB
- Pronto... Maior antro de ladrões desse país. Lá mesmo
- Está sendo novamente preconceituoso. Sabia que isso é crime?
- Crime é esse buzú ai ó... Pelo amor de Deus. Como é que entra numa porra dessa?
- Puta que pariu! Ai não entra nem uma mosca. É seu ônibus?
- ERA meu ônibus. Agora vou esperar o das 23h. Tô fudido. Tarde pra caralho, sem ninguém no ponto...
- Tem eu
- Pois é. Tarde pra caralho, um viado no ponto...
- Posso te dar carona se quiser. Meu carro tá logo ali
- E vai me levar pra onde? Pra sede do Grupo de Apoio aos Gays? Tô fora.
- Se você quiser, a essa hora tá rolando uma festa eletrônica muito boa.
- E é? Porra, sou fã de música eletrônica. Tá rolando house?
- Progressive e Acid. Vamos.
- Beleza. Vamo nessa. Eu só espero que você não minta igual a todos os advogados
- Vai ter que pagar pra ver
- A essa altura do campeonato o que vier é lucro. A propósito, que dia é hoje?
- Seu dia de sorte

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Querendo ser grande

Já há alguns anos fala-se na possibilidade de mudança do sistema de transporte Salvador-Ilha. Noticiaram até a construção de uma ponte, o que seria bastante interessante, mas até hoje nosso sistema é fraco. A travessia é um martírio mesmo para quem vai de carro. É normal filas de 5 ou 6 horas.

Eu nem deveria falar do metrô, que desde 2000 está em obras e nunca termina. Parece aquele colega (que todos que fazem ou já fizeram faculdade conhecem) que passa anos na universidade e, de tantas matérias perdidas ou trancadas, passa décadas por lá. Nosso metrô pode ser jubilado.

O Comércio também é um ponto que nosso queridíssimo prefeito está querendo revitalizar. O luxuosíssimo Hotel Hilton parece mesmo que agora vai ser instalado por lá. Mesmo burlando o PDDU e seus impedimentos, a “vontade” política atuou para que a construção fosse levada adiante.

Nossa gloriosa orla marítima é um verdadeiro martírio. Não temos calçadas decentes, nem praias limpas e nem muito menos barracas. Sim, porque na nossa cultura praiana a barraca é importantíssima. No Rio não é. O baiano vai a praia para passar o dia, comer pititinga, acarajé e queijo coalho e, principalmente, para beber. Sem barracas fica difícil, o que o prefeito vem tentando (em vão) dar um jeito.

Mas o que eu quero falando de Itaparica, metrô, hotel luxuoso e orla? Os três têm em comum uma necessidade grande de crescimento da cidade – importante do ponto de vista econômico e social -, mas que por falta de vontade política, nunca saem do papel. Ou saem, mas nunca são concluídos. E só são levados à frente por motivações que o povo, o maior interessado no assunto, não entende. Terra de ninguém.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Fusca azul

- Me lenhei!

Essa foi a única coisa que Cupertino conseguiu falar quando viu seu fusca colidindo com uma Pajero Full. Desespero total do nobre Cupertino, homem naquela idade que os jovens classificam como “coroa”. O fusca era azul.

A Pajero Full na verdade não estava sozinha: ela acompanhava uma comitiva que se dirigia ao Palácio de Ondina, residência oficial do governo do Estado. No exato momento que Cupertino pronunciou as famigeradas palavras já haviam 3 pistolas semi-automáticas apontadas para sua cabeça. Aquele carro era da Polícia Federal, escolta do príncipe da Suécia que estava fazendo uma visita oficial à Bahia.

- Que porra o príncipe da Suécia vem fazer na Bahia? Calor danado...
Essa foi a única coisa que Cupertino conseguiu falar quando soube disso tudo. O prejuízo, então, era maior do que ele imaginava.
- Meu senhor, é o seguinte: sou pobre, trabalhador, não tenho dinheiro para pagar esse conserto ai.
- Você nem sabe quanto é e já tá chorando é?, disse o policial raivoso
- Não... Não é bem assim. É porque qualquer que for eu não tenho. Tô quebrado, man.
- Você quer então que eu chame a SET?
- Não! Não, a SET não.
- Então temos um impasse. Você vai ter que fazer alguma coisa. E logo, porque não quero perder muito tempo. A comitiva já tá desfalcada e já vou levar uma bronca por causa de você. Diz alguma coisa, mané.
- Porra, seu policial... O bixo tá pegando mesmo pro meu lado. Diz ae outra coisa que eu possa fazer, na moral!

Passaram-se alguns minutos de conversa entre o policial e Cupertino.
- Como é!? Vocês querem me fuder mermo, na moral...

Essas foram as únicas palavras que o coroa conseguiu proferir quando soube do que os federais queriam: um laranja. Cupertino seria uma espécie de isca para prender um traficante famoso no Péla Porco, aquela invasão cabulosa das mais perigosas de Salvador. O plano era simples e só precisava de um otário para executá-la. Primeiro Cupertino ia se vestir de figurão, ou seja, com roupa chique e toda pompa. Depois ele iria subir o morro para comprar uns papelotes de cocaína, mas no meio da transação, ele iria ainda requisitar umas pistolas. E ai a polícia, que estaria escutando tudo pelo microfone, invadia o local atirando em tudo quanto é coisa e prenderia o tal trafiante, o Zé Belé. Dois coelhos numa cajadada só.

No dia marcado, Cupertino chegou a cogitar a possibilidade de fugir. Pegar seu fusca azul e partir em direção a Aracaju ou qualquer outro buraco. Mas não dava. E lá foi ele.

Para a surpresa de todos, o plano não só deu certo, como a polícia não precisou disparar um tiro sequer. No meio da negociação o coroa ainda pediu prostitutas de menor. Tudo ficou registrado e ele mesmo sacou uma arma e rendeu Zé Belé. A Polícia Federal só chegou para prender o sujeito e apresentar à imprensa.

Cupertino ficara livre daquela situação, mas o gostinho que ele sentia era de “eu posso com esses porra, vu?!”. Deu uns meses e o coroa tava tomando sua tradicional cerveja no Bar do Lado, ao lado do Bompreço da Fonte Nova. Encontrou o tal policial lá.

- Topo!
Foi o que se ouviu no buteco quando Cupertino ergueu seu copo em brinde ao que o federal acabara de lhe dizer. Queria ele para outra missão, dessa vez em outra grande favela da cidade: Bairro da Paz.

Como não poderia deixar de ser, a operação foi um sucesso. Cupertino mais uma vez se vestiu de figurão e foi à luta, subiu morro, peitou ladrão, chutou vagabundo e deu tiro pra cima. Ele se sentia o próprio Capitão Nascimento. E não foi só dessa vez não. Quando a cúpula da Polícia Federal soube da fama do coroa, quis logo contratá-lo e não pestanejou em mexer os pauzinhos para aprová-lo num concurso público.

A vida de Cupertino, então, virou uma felicidade só. Com o dinheiro do novo emprego ele podia fazer quase tudo que queria. Comprou um Fiat Stilo, alugou apartamento na Graça, só comia as melhores putas da cidade e freqüentava a nata da night de Salvador. Mesmo assim ele ainda mantinha intacto seu Fusca Azul e, não contente, ainda tunou o bixo todo. Só usava em ocasiões especiais, às vezes até para impressionar uma gata, que se derretia toda com aquele policial rico e excêntrico por gastar tanta grana num mero fusca. E azul.

No meio policial sua reputação era intocável. Alguns o chamavam de Coroa Arrasador, outros de “o novo Exterminador do Futuro”. Chique.

Mas como nem tudo são flores, Cupertino teve lá seu dia de azar. O coroa era ambicioso e isso era inegável. Deu pra se meter com jogo do bicho, que ele sempre achou que dava muito dinheiro, mas nunca teve coragem (e grana) para entrar no negócio. Aliou-se a Mafra, um argentino que chegou ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás e conseguiu fazer fortuna com o jogo em Salvador. A parceria era fácil, já que para Cupertino bastava apenas dar proteção policial e avisar sempre que houvesse batida ou qualquer outro tipo de investigação.

- Fudeu!
Foi o que disse Cupertino ao ser flagrado na casa de Mafra. Prisão em flagrante é a coisa que todo bandido teme porque não tem escapatória. Os dois foram levados, mas Mafra era milionário e conseguiu um bom advogado. O coroa não. Estava realmente fudido. Tentou então um acordo com os policiais para que limpassem sua barra e liberassem ele dessa enrascada. Esperto o tal do Cupertino. Mais ainda a Polícia Federal, que resolveu confiscar todos os bens dele além de raspar a conta bancária.

Meses depois Cupertino estava sozinho novamente, e contava apenas com seu velho fusca azul, única coisa que conseguiu salvar. No bar passava um jogo amistoso de futebol entre Brasil e Suécia.
- Suecos filhos-da-puta

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Transporte público


Existe uma grande lenda em Salvador de que o custo operacional do transporte público é alto. De fato, o grande número de meias-passagens e gratuidades (idosos, gestantes, deficientes, policiais em serviço e outras categorias profissionais) oneram bastante o setor. O próprio site do SETEPS diz que 37% dos passageiros usufruem de algum tipo de benefício.

Mas peraê. Se é tão difícil manter o transporte público em Salvador – como o sindicato das empresas propaga por ai, já que todo ano quer aumentar abusivamente o valor da passagem usando esse argumento -, porque existem tantas empresas de ônibus? Já parou para contar quantas empresas existem? Eu já.

E obviamente não consegui chegar a um consenso. Contando na rua, no dedo, eu cheguei ao incrível número de 8; isso numa parada na sinaleira do jornal A Tarde. Mas, para chegar a um número mais concreto, acessei o site Seu Transporte, da prefeitura. Lá estão cadastradas 18 empresas. Em Porto Alegre, por exemplo, existem apenas quatro. Situação mais absurda, se é para rirmos de alguém, é a de Belo Horizonte, que sustenta uma rede de inacreditáveis 50 empresas, enquanto São Paulo, de população 4x maior, tem 54. Recife, 16. Rio de Janeiro? 47. Mas ainda estamos mal, mesmo à frente de outras cidades. Deve ser um negócio extremamente lucrativo. Tá ai: se eu tivesse dinheiro eu investiria nisso. E num motel na região rio vermelho/barra/graça.

Ah, e não temos metrô. Mas nisso eu não investiria.

foto: trolebus (a tarde)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Diálogos do Cotidiano - A diferença

- Você não entende nada de mulheres
- Entendo. Você fica mais gostosa de saia do que de calça
- Não vale. É moda. Isso só demonstra que você tem tendências homossexuais
- Então chega perto que eu te mostro
- Não, não... Você realmente só pensa com seu pinto torto
- Sabia que dizem que o pinto torto é genético? Não tem mui...
- Não quero saber disso.
- Não tem muito a ver com desempenho
- Sei, sei...
- Tô falando sério Eu li.
- Você só “lê” as fotos da Playboy quando vai no barbeiro. E olhe lá...
- É, foi justamente na Playboy que li sobre isso. Tá com fome?
- Na verdade sim. Tô exausta, mas quero ficar na minha.
- Se quiser faço uma vitamina de banana
- Porra, você não entende nada mesmo né? Me dá um cigarro ai e fica quieto
- Pronto, pronto... Toma. Isso deve ser TPM, esse seu jeito to...
- Claro que não! Minha menstruação parou tem 2 dias. TPM agora só no final do mês
- É, mas sei lá... Essas coisas de mulher nunca se sabe, né?!
- Tá vendo? Você não entende nada de mulheres mesmo.
- Ah, mas isso não vale. É algo muito pessoal. Cada mulher tem lá seu dia certo, suas complicações hormonais, sua TPM...
- Pois é. Ninguém entende, muito menos vocês homens
- Ah é assim, né!? Então vá lá. Me pergunte alguma coisa sobre as mulheres. Qualquer coisa e vamo ver quem sabe o que.
- Joguinho idiota. Não vou entrar nessa.
- Criancice sua. Pergunte que eu respondo e te deixo em paz.
- Duvido, mas vamos lá. Já que você tá falando em menstruação, quanto tempo dura o ciclo menstrual?
- Porra! Essa é foda. Perdi essa aula de biologia. Li num livro que mulher é um bicho estranho: sangra todo mês e nunca morre.
- Patético você... Vou tomar banho. E vê se muda esses lençóis da próxima vez que formos transar. Fede a amaciante de puteiro.
- Você não reclamou da primeira vez, nem da segunda... Só agora. Mas eu mudo sim... Ei, posso ir com você?
- Só se vier por trás.

domingo, 15 de junho de 2008

Da série "Eu queria ter escrito essa história"

Se eu tivesse contado essa história aqui muitos iriam gostar, mas no fundo achariam que dificilmente poderia acontecer na realidade. Pois é. Essa história, que dá pra ser lida abaixo, aconteceu verdadeiramente na nossa Terra de Ninguém. Queria muito ter escrito, de verdade. A vida imita o inimitável.

Farmácias na mira de ladrão

De tanto roubar a rede de farmácias Santana, Gilberto Pereira de Souza, 48, acabou conhecido pelo nome de um medicamento: Aerolim (para asma). Tendo sempre como lema a não-violência, ele admitiu já ter praticado mais de 20 ataques à rede. “Nunca matei nem prejudiquei ninguém. Nem precisava de arma para assaltar nada”. Mas, segundo ele, isso “é coisa do passado”.
A captura ocorreu no dia 3 de maio deste ano, na Avenida Joana Angélica, Nazaré, por porte de arma, enquanto voltava para casa, onde mora com mulher e seis filhos, na Liberdade. “Saí do crime. Uso arma só para me proteger. Fui pego pelo fator surpresa”, se defendeu. Histórias não faltam na vida que Aerolim afirma ter largado. Lembrou que enquanto paquerava uma caixa da Santana de Brotas, para depois iniciar o saque, foi atingido com tiro no estômago por um segurança que já o conhecia.

Fonte: A Tarde de sábado. Infelizmente não dá pra colocar o link, pois é na parte restrita do site.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Top 5 - Casais Baianos

Em homenagem ao dia dos namorados, fiz esse top 5 casais baianos, o que inclui desde os mais sérios e amáveis, até os mais toscos. Top 5 justamente para selecionar mais. Feliz dia dos namorados e a polêmica é serventia da casa.

Top 5 - Casais Baianos


Casal de três típico da Bahia. Os três se dão bem “perfeitamente” juntos e não é a toa que no final Dona Flor não poderia escolher entre Vadinho e Teodoro Madureira. Historinha rápida: certa noite, quando Jorge Amado estava para terminar o dito livro, Zélia já se preparava para dormir e perguntou se o marido não ia também. Ele respondeu que não, que ainda tinha que decidir com qual homem Dona Flor ficaria. Na manhã seguinte, Zélia perguntou a Jorge: “E ai, meu nego... Ela ficou com quem?”. Ao que ele responde: “Aquela Flor é uma vadia mesmo. Ficou com os dois”.

2 – Gilberto Gil e Caetano Veloso

Podem falar o que for, mas ninguém me convence que esses dois não formam um casal. Ou pelo menos formaram lá pela década de 60 e 70. Esse negócio de Festival da Record, Tropicalismo, Doces Bárbaros, carnaval... Sempre estavam juntos e levam o maior jeito.


3 – Jorge Amado e Zélia
Gattai
O que falar desses dois? Passaram momentos lindos repousando em casa no Rio Vermelho. Jorge escreveu romances históricos e belíssimos, enquanto Zélia (que é paulista, mas aqui tá valendo) escreveu outros razoáveis. Mesmo assim, eu tenho certeza que um era muito importante para o outro no trabalho. São quase símbolos da Bahia.


4 – Catarina Paraguaçu e Caramuru (Diogo Álvares Correia)

Talvez a primeira lenda urbana de Salvador. E olhe que linda história de amor. O cara vem lá de Portugal, vira náufrago e passa a viver com os índios. Ele conhece Paraguaçu e se apaixona, tendo ainda a irmã dela, Moema, como último vértice de um intricado triângulo amoroso. Dizem que quando os pombinhos foram para a Europa, várias índias se jogaram no mar em desespero, inclusive Moema.

5 – Wagner Moura e Lázaro Ramos

Os dois surgiram juntos para o Brasil, embora em situações diferentes aqui em Salvador. Desde lá, eles já fizeram várias programas e filmes juntos, virando piada até no Casseta e Planeta. E olhe que eles se combinam. Eu contei 8 participações da dupla junta: Sexo Frágil, Saneamento Básico, Ó pai Ó, Cidade Baixa, Nina, O Homem que Copiava, Carandiru, O Homem do Ano.

terça-feira, 10 de junho de 2008

A professora gorda

Em dia de prova, Marta não dava mole para os alunos. Ela não fazia revisão nem se o diretor pedisse. “Prova é prova”, dizia a professora. Ela levava muito a sério esse negócio de avaliação e se orgulhava de, em 15 anos de profissão, nunca ter dado um 10 a um aluno. Marta era gorda e ensinava matemática.

Os alunos lhe davam uma centena de apelidos e o pior é que ele conhecia todos, mas fingia que nada sabia. Fazia parte do papel. Em sua casa Marta guardava cópias de algumas provas memoráveis, daquelas que nem os mais inteligentes da sala conseguiam resolver. Na sala ela também tinha uma TV grande para assistir a todas as novelas; definitivamente não era do tipo intelectual e nunca era chamada para o chopp de sexta-feira dos demais professores. Mas era culpa dela mesmo e a própria tinha consciência disso.

Na prova daquele dia Marta perdeu mais tempo do que o normal no trânsito da Bonocô, parado devido a problemas na obra do metrô. O dia era sagrado, é verdade, e os alunos receberam a avaliação com medo. Menos Deco. O rapaz adotou uma tática antiga de paquerar a professora, fato que com certeza seus amigos desaprovariam se soubessem. Mas lá estava Deco, furtivamente olhando para os seios flácidos e coxas moles de Marta. Ela, claro, achou aquilo muito estranho e não tirava o olho dele, só que para repreendê-lo. Prova terminada, olhares cruzados e Marta se encaminha para casa, mas uma coisa lhe comia o estômago. Comeu até uma coxinha com suco de laranja na entrada da Sete Portas, mas aquele sentimento não mudou. A professora durona, gorda e virgem estava passando por um momento único na vida.

Passou a noite se masturbando olhando a caderneta, que naquela escola chique da Pituba vinha até com foto pra facilitar na chamada. Marta dispunha de um arsenal de vibradores, desde os eletrônicos até os mais básicos. Pensou em Deco a noite toda e até se surpreendeu, já que normalmente se masturbava pensando em Prachedes e Deodato, dois professores gordos e cinquentões que nunca davam bola para ela.

Deco também passara aquela noite toda se masturbando pensando na professora gorda. No fundo de suas gavetas repousavam dezenas de Playboy e Sexy, porém o garoto passou o tempo todo olhando a foto de Marta no site da escola e se masturbando. O pensamento ia longe nas roupas folgadas dela e naquela mão que ele achava a mais macia de todas, embora tivesse tido pouco contato com Marta.

A sensação de toda aquela noite foi melhor ainda para ambos. Ela chegou na escola no outro dia sorrindo, um milagre que até os alunos perceberam e que, obviamente, deu mais um impulso para Deco continuar nas investidas. Naquele mesmo dia ele resolveu ser mais ousado e seguiu a professora até o ponto e pegou o mesmo ônibus dela. Numa habilidade a la Matrix, Deco repousou-se carinhosamente atrás dela e se aproveitou bastante do sacolejo que as ruas de Salvador proporcionam. Ela fingiu não ver e gozou violentamente ali mesmo, no exato momento de uma curva perigosa que, de tanto tesão, ela nem viu onde foi. Quando recobrou os sentidos, viu Deco sentado na cadeira de idosos e foi ousada: passou pelo menino e o puxou para fora do ônibus.

Só na troca de olhares os dois se entenderam, sem falar uma única palavra sequer. Caminharam alguns quarteirões até o apartamento de Marta, onde os dois transaram violentamente durante duas horas. Sem falar uma palavra sequer.

E foi assim que os dois continuaram se encontrando durante todo o resto do ano letivo e, “estranhamente”, Deco tirou as melhores notas da sala. Até um 10 Marta deu a ele, fato esse comentado em toda escola. Deco reinava na cama de Marta quase todos os dias. Até que Marta apareceu grávida.

Atordoado, o estudante resolveu abandonar as horas de sexo e cortou definitivamente relações com a professora. Marta ficou arrassada, mas mesmo assim decidiu seguir em frente com a gravidez e pôs Deco na parede: ou assume ou ela contaria tudo para todos. Ela decidiu pela última opção, muito embora tenha sido pior para ela. A escola decidiu por demitir a esforçada professora e abrir um processo administrativo, enquanto a família rica de Deco tentou acobertar tudo e se apegar na esperança do exame de DNA. Claro que nem foi preciso, uma vez que o próprio rapaz dispensou.

Marta passaria os 9 meses destruída pelo fim do relacionamento se não fosse pelas inúmeras cartas que recebeu. Os nomes ela reconhecia: João, Alberto, Ricardo, Álvaro, Menelau, Manoel, Sávio... Eram todos ex-alunos que confessaram um amor enrustido por ela. Muito mais que amor, e sim um tesão arrebatador que eles não sabiam de onde viam e escondiam de todos. Mastubarvam em silêncio pensando nela e agora se revelaram encorajados pela repercussão do caso.

O bebê nasceu e ganhou o nome de André. Marta estava tranqüila por que agora contava com muitos ajudantes. Ela ia para cama com todos ex-alunos que a procuraram. Muitos já eram casados, outros mantiveram-se solteiros a espera dela. Ninguém reclamava da divisão, pois o sexo era recompensador. Os vibradores foram aposentados.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Jota Paixão

A habilidade de Jota com as mulheres era incrível. Mais ainda porque faltava-lhe cabelo e muita generosidade da genética. O que ele conseguia, portanto, tornava-se ainda mais inacreditável. Os amigos já estavam cansados de entender o porquê daquilo tudo. E ele tinha 40 anos.

Se perguntado quantas mulheres já teve na vida, Jota desconversava. O homem era tinhoso, mas nem um pouco arrogante. Talvez esse tenha sido o segredo guardado durante muitos anos, essa humildade intrínseca e que arrebatava corações. De todas as idades e tipos, diga-se de passagem, porém a tara de Jota era por cabeleleiras. Enquanto seus amigos cortavam por R$5 num barbeiro qualquer da Avenida Sete, Jota preferia salões pé-sujo em bairros nobres. Sim, porque ele acreditava que nesses tipos de salões as mulheres eram muito mais vulneráveis. Primeiro porque elas ouviam lamúrias de dondocas sem dinheiro – e assim as profissionais vivam de saco cheio, à espera de um escape -, e segundo porque o rapaz era bom mesmo.

Constantemente ele se apresentava como Jota Paixão, um sobrenome aparentemente ridículo, mas que sempre ajudava a quebrar o clima. Ele chegava de mancinho, conversava sobre tudo, principalmente novelas e sempre fingia conhecer todas as fofocas do bairro. Na Pituba ele era craque; já tinha passado o rodo em cerca de 10 salões. Porém, nunca duas mulheres do mesmo estabelecimento. O homem tinha lá sua ética.

Então já era hora de Jota Paixão entrar em ação, afinal já era final de mês e seu cabelo dava voltas.O bairro escolhido mais uma vez foi a Pituba, num salão novo que acabara de ser inaugurado numa daquelas ruas de estados brasileiros. A primeira impressão do local, é bem verdade, não foi das melhores. Tinha muito viado e poucas mulheres. Dessa vez então ele tentou outra tática: atacar a pedicure. Não era muito convencional, mas já havia funcionado antes.

Norminha era uma mulher cheia de carne, muitas até saindo por fora da blusa. Mas tinha uma bunda descomunal, o que muito agradava o nobre Paixão. A sutileza dos afagos no pé vieram logo no início, numa massagem fenomenal. Jota estava lá. Há cerca de 20 minutos destilava suas cantadas sutis e infalíveis, sempre trocando olhares furtivos com a pedicure. Tesão à primeira vista.

No final do dia Norminha já descansava belamente na cama de Jota. Ele, claro, só prestava atenção naquela bunda imensa. E tomava uma cerveja, porque sempre depois de uma boa foda ele tomava uma gelada, que muitas vezes era mais recompensador que o sexo. Mas dessas vez não. Norminha atacou com força o nobre Jota, deixando-o sem ação durante longos 10 minutos após o coito. Era incrível, nas próprias palavras do garanhão.

Essa não foi a única vez de Jota e Norminha. O homem, que nunca havia se apaixonado, parecia que agora tinha um tambor no coração quando via a pedicure. Era um fervor só. Passou mais de 2 meses e ele só conseguia pensar nela. E na bunda dela, obviamente. Ele não tinha chegado perto de nenhuma outra mulher nesse período, fato inédito que já vinha preocupando seus amigos. Mariozinho mesmo achava que Jota já era. O fim de um mito. Cesinha era mais otimista e achava que aquilo era apenas uma fase.

E que fase. Jota Paixão estava encoleirado. Norminha não dava mole para o rapaz e vivia dando canseira até ele dizer chega. Ele não tinha mais pique para nenhuma outra mulher, e com isso Norminha ia domando o leão enfurecido transformando-o em um mero gatinho. Do jeito que estava, a morena bunduda tinha até convencido Jota a fazer uma coisa que ele jamais fizera em mais de 10 anos: mexer na sua poupança.

Aquele dinheiro estava guardado para a aposentadoria. Jota pretendia usar o dinheiro na compra de um buteco arrumadinho no Pelourinho. Achava que lá dava muita grana no verão, além de ser um ótimo local para conhecer gringas. Tudo verdade, mas com sua paixão doentia, Jota decidiu acatar a sugestão de sua amada e abrir um pequeno salão ali mesmo no Centro Histórico.

Tudo resolvido, Norminha era só felicidade e dava ainda mais canseira em Jota. Os amigos não o viam mais, as antigas namoradas o procuravam nas vielas da cidade e nada achavam. Ele estava preso num intricado jogo de sexo, que para ele estava sendo muito proveitoso. Ai é que está.

Norminha não era boba. Muito pelo contrário, ela sabia desde o começo muito bem quem era Jota Paixão. O garanhão já havia desiludido o coração de várias amigas e, quando naquele dia o viu entrando no salão, não pensou duas vezes em dar o golpe nele. Sabia de sua atração por bundas e só vestia roupas que realçavam seus glúteos. Aquela massagem inicial foi planejada com minúcia e executada com maestria. As surras sexuais, a bem da verdade, foram reais mesmo. A morena era fogo.

E era astuta também. Depois do salão aberto e com alguns meses de funcionamento, era a hora do golpe fatal. A idéia era sacanear de verdade, afinal já haviam passado 1 ano desde que conheceu Jota Paixão. E agüentar esse tempo todo não foi fácil. Norminha então reuniu suas amigas desiludidas (eram cinco ao todo) e chamou à sua casa. Jota viu tudo aquilo e achou o máximo, pensando ele que iria se dar bem. Só não conhecia uma daquelas, mas concluiu que poderia não estar lembrando de mais uma no meio de tantas.

Essa era perigosa. No meio de um stripper coletivo, a desconhecida se revelou um belo de um travesti. Jota ficou realmente com medo, já prevendo o que poderia acontecer. O travesti não teve dó e deu uma bela “surra” no garanhão, daquelas que ele estava acostumado tomar de sua amada esposa.

Norminha expulsou o marido de casa. Armou bem e ficou com tudo dele, desde a casa ao salão recém-inaugurado. Jota Paixão saiu mancando daquela noite. Hoje ele tem trauma de pedicures e bundas, mora num cortiço e só ataca mulheres magras.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quase-genro e a "perna"

Reza a lenda que em Salvador ou você é genro ou não é. Ou o cara é casado com sua filha ou não é. Porém, na Assembléia Legislativa da Bahia essa premisa não vale, pois quase-genros têm muito prestígio. Assim como as pernas.

Pernas, aiás, são bem vindas em qualquer situação, desde que bonitas, obviamente. Há alguns anos se falava muito nas pernas de Carla Perez e Scheila Carvalho e de alguns homens que com certeza não me recordo. As meninas lembram. Porém, nosso anedotário diário atualmente nos brinda com outro tipo de "perna" e ninguém parece se importar. Chega de falar de "perna" traficante. Eu quero as pernas de Carla Perez na capa do A Tarde, por favor. E no horário nobre da Tv Bahia, se não for pedir muito.

E nada de genros ou quase-genros. Desses o nobre presidente da Assembléia já se encarregou de empregar muito bem em altos cargos da Casa, um na presidência e outro em um gabinete parlamentar. Se bem que eu posso ser o quase-genro do pai de Scheila Carvalho, Carla Perez...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Vamos aos cálculos!

Claudete Alves é uma digníssima vereadora da cidade de São Paulo. Ela está encabeçando uma campanha para que a Justiça brasileira force o Estado a indenizar cada afro-brasileiro pelos maus tratos que esses receberam durante séculos de escravidão. A quantia chega a R$ 2 milhões.
Imaginemos, então, a nossa queridíssima Bahia. Uma rápida pesquisa no Google demonstra o seguinte: 79% dos baianos são negros e 83% dos soteropolitanos são negros.
Vamos aos cálculos:

Indenização: R$ 2 milhões
Baianos “negros”: 10 milhões (aproximadamente)
Valor total que o Governo Federal desembolsaria: R$ 20.540.000.000.000
Comparação: esse valor é quase 2 vezes o PIB dos EUA.

Isso sem contar o resto do Brasil. É óbvio que o país não dispõe desse dinheiro nem muito menos uma indenização nesse sentido irá ocorrer. Mas vale a reflexão da própria Claudete: os judeus foram indenizados pelo holocausto, japoneses sobreviventes da guerra mundial idem. Até europeus que aqui tiveram séculos atrás também receberam grana. Pior: até hoje a família Orleans de Bragança, herdeiros diretos de D. Pedro I, recebe uma espécie de “mesada”.
E ai? Vale a reflexão.

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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Macaco

O dia não era dos melhores para Marcelo Macaco, ou simplesmente Macaco. O bar sujo em que ele trabalhava no centro da cidade acabara de ser roubado por um bando de pivetes sem dentes e com muita fome na barriga. Mesmo assim, só roubaram cervejas e garrafas de pinga, além de toda grana do caixa; as coxinhas e os pastéis sobreviveram. Macaco tinha tomado um soco na boca duas vezes naquele mesmo dia: de manhã de sua agora ex-namorada Binha (corruptela de Abenilda) e mais tarde de um fedelho na invasão do bar.

Era realmente triste aquele dia. Macaco olhou o calendário no momento em que o Cabo Bira saía do buteco em diração à DP. 17 de agosto. Se dizem que agosto é um mês azarado, esse 17 de agosto então era um péssimo dia para Macaco. Talvez fosse o caso dele jogar o próprio apelido no jogo do bicho. E foi o que ele fez.

Engraçado que o próprio Marcelo não sabia que 17 é o número do macaco e, óbvio, que ele não pensou duas vezes em apostar quase tudo que tinha no 17. No roubo do bar, os moleques também levaram todo seu salário do mês que vem e a essa altura do campeonato Macaco só tinha os restos, justamente guardado para uma foda num motel ali da Avenida Sete. Mas ele persistiu. E levou, o danado. Deu macaco na cabeça, como dizem os entendidos. O mero faz-tudo do “Bar do Nerso” agora era dono de uma pequena fortuna, cerca de R$80 mil.

A primeira coisa que ele fez foi encontrar com Binha. Nada de pegar o Sussuarana/Barra e demorar 1h30 pra chegar ao destino final. Foi de táxi, justamente o jeito encontrado para impressionar a moça. É verdade que Binha era uma safada mesmo e não pensou muito em aceitar o convite para a noitada. Macaco preferiu não contar nada a ninguém sobre o prêmio, muito menos para ela. E lá se foram os dois para um bar da moda na Barra. Tédio. Decidiram então ir ao velho Mercado do Peixe, onde lá encontraram uma dezena de amigos.

A noite, no entanto, durou dois dias e só terminou na terça-feira. Nerso, o dono do bar, já estava louco porque estava trabalhando esse tempo todo sem o ajudante. Macaco era desligado, coitado. Nem avisou nada. Só apareceu por lá na sexta-feira, a bordo de uma pampa 91 com o som até em cima. A rua toda parou pra ver o carro passar e ver também a primeira dama, Binha, pulando de alegria. Estranho era todo esse arsenal de novas coisas que Macaco ostentava agora e ninguém entendia nada, já que ele não contou nem a sua mãe que tinha ganho R$80 mil no jogo do bicho. Nerso desconfiou.

Alguns dias depois, Macaco foi novamente ao local e deu de cara com Cabo Bira. O policial, conhecido na área como “O implacável”, levou Macaco para dar uma voltinha na viatura. A “voltinha” durou 2h e só foi parar quase em Lauro de Freitas, quando o pobre rapaz enfim pediu penico. Chorava litros e litros. Bira não estava nem ai. A versão dos fatos na cabeça da polícia e de Nerso era de que Macaco tinha armado o roubo do buteco.

Meros mortais esses. Macaco implorava pela vida e finalmente teve que confessar. Mesmo assim, cabo Bira não pareceu acreditar e pediu pra ver, assim como São Tomé. Era tudo verdade.
Para comemorar tudo isso, Nerso resolveu dar uma festa na laje de sua casa, em Coutos. Macaco foi todo feliz e ainda levou Binha, que a essa altura já estava pensando em dar o golpe e se casar com o rapaz. Era muito arteira Binha, tanto é que foi persuadida por Nerso a ajudá-lo num plano miserável para tomar tudo de Macaco. Em filme essas tramas e golpes são feitos em salões luxuosos, mas o dono do bar só poderia fazer mesmo na laje de casa.

Pagode solto e carne na brasa, a festa corria tranquilamente. Binha, que agora já pensava no futuro, flertava com Cabo Bira, mesmo ele tendo uma aparência nojenta. E Macaco tomava várias Nova Schin e ficava de olho em Binha, embora ele sempre soube que ele não era flor que se cheirasse. Mas a amava. E foi esse amor que fudeu com Macaco.

No meio da festa, a moça apelou no dominó e perdeu. Discutiu ate xingar a mãe de Dolores, uma gorda que fazia parceria com Nerso. Para apaziguar tudo, Macaco teve de sentar à mesa para jogar também. Depois de várias latinhas de cerveja, ele se sentia um gorila e resolveu apostar. O jogo era armado, com pedras marcadas e parceiros dedo-duro. Macaco perdia mão atrás de mão e não se conformava. Nerso chegou a apostar a própria casa contra o que sobrara do dinheiro do pobre rapaz. Não teve volta.

Macaco dormiu o domingo inteiro, como que querendo que aquilo tudo fosse um mero pesadelo. Acordou segunda de manhã sem saber para onde ir e, naturalmente, só lhe restou falar com Binha e depois voltar a trabalhar no “Bar do Nerso”. O encontro com a moça não foi nada amistoso. Gato escaldado, Macaco já foi preparado e se esquivou bem do soco dela. Saiu correndo e escarrerado pelo Cabo Bira. Só lhe restava o bar. Chegou lá meio que como quem não quer nada e aceitou novamente o emprego de faz-tudo. Nerso ria à toa e tinha comprado até uma TV nova para passar os jogos do Bahia. Atraía cliente, pensava ele.

Ao final do dia Macaco olhou para o calendário e estava lá: 3 de setembro. Péssimo dia aquele. Foi jogar no bicho novamente e não se surpreendeu nem um pouco com o animal de número 3, o burro.