quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Guia de Sobrevivência nos Ônibus de Salvador - Módulo 3



Terceiro Módulo
Ônibus Vazio
ou
Nunca subestime um buzú vazio

Você é um sortudo. Sim, é sim. Pegar ônibus vazio em nossa terra é um golpe de sorte em primeiro lugar, mas se você for esperto pode ser um golpe de mestre. Algumas linhas são bem vazias, como Lapa (que passa a cada 5 minutos em quase todos os pontos da cidade), mas tornam-se cheias pela impaciência do povo. Tem gente que é medrosa e pega o primeiro que passa, sem se ligar que logo atrás pode vir outro bem vazio.

A dica é você ter conhecimento de causa. Lembra do fator lotabilidade? Pois é. Lotabilidade nada mais é do que a lei da oferta x procura. Tente se estabelecer do lado bom do pêndulo, ou seja, da oferta. Procure os ônibus com mais oferta, mesmo que para isso você precise saltar mais longe de sua casa; andar um pouco não faz mal a ninguém, te ajuda a ser saudável e se colocar tranquilamente num buzú vazio. Claro, em alguns casos isso não será possível, mas vale o esforço.

Outro ponto diz respeito a você nunca subestimar um ônibus vazio. Não dê uma de brau* se sentando no fundo do coletivo. Isso só é aceitável se seu destino final é o fim de linha. Mas tem um detalhe: a chance de roubo é grande pra quem está perto do cobrador (esse tema será tratado mais adiante no tópico “Assaltos” ou “Fique esperto e não perca nada”). Portanto, procure sentar nas poltronas da frente, mas nunca nas cadeiras reservadas para deficientes, idosos e gestantes. A Lei de Murphy nesse caso é mais um vez implacável: no dia que você sentar vai aparecer uma legião de velhos vindos de um culto religioso holístico do pai eterno, mesmo se for à meia noite.

A idéia é clara: procure a janela, assim você evita que pessoas rocem em você o tempo todo. O engraçado é que todo mundo procura uma dupla de cadeiras sozinhas para sentar, nunca uma com alguém ocupando um espaço. É um anti-socialismo apoiado pelo Guia e que será discutido mais profundamente no tópico “Sociabilidade” ou “Como se livrar de passageiros chatos”. Não existe lugar pior do que ônibus para atrair malucos.

Último ponto: não durma. Eu sei, eu sei... É difícil, mas não durma. Primeiro porque você pode ser atingido por objetos voadores não identificados (já ouvi casos de amigos próximos que dormiram e acordaram com uma catarrada ou com tapas na cara. É bizarro, mas é comum). E segundo porque você pode perder seu ponto e aí, meu caro, você se ferrou de vez. Ônibus não volta.

*brau, para os não-baianos: figura pitoresca que se veste igual a tantas outras e se diz do "gueto", ouve bandas de pagode e anda "charlando".

Próximo Módulo: "Ônibus Cheio" ou "Se fudeu, mas há chance de sobrevivência".

Módulos anteriores:
Segundo - "Os pontos de ônibus" ou "Saiba se posicionar nos pontos para não perder o buzú".
Primeiro - "Preparação" ou "Saia cedo de casa senão você se fode"

12 comentários:

Tânia N. disse...

O que é "charlando"?
Adoramos o texto, beijocas,

Anônimo disse...

Sempre gostei de pegar ônibus, mas não há quem goste dos cheios! Um que sempre evito pegar é o temido Estação Pirajá. Que diabo é aquilo!

PS: Gostaria que vc me ajudase a fazer esse widget da Last Fm. Não consegui incluir as músicas.

Abraços

Ramon Pinillos Prates disse...

Muito bom esse guia, promete bastante. Ainda bem que não ando mais de buzu.
ehehehehehe

Anônimo disse...

Adoreiiii este blog

risos..
onibus vazio na minha cabeça é sinonimo de assalto.
se tiver vazio e alguem ainda senta do seu lado.. com zilhoes de cadeiras vazias pra ele utilzar...

ai entao nem se fala.

Flávia disse...

Rodrigo: vc conseguiu.

Vc, definitivamente, me deixou com um puta medo de andar de ônibus em Salvador...

Beijo!

Anônimo disse...

Menino, dicas fantásticas, hein?? Tirando uma dúvida rápida: porque será que as pessoas daqui de São Paulo chamam aqueles micro-ônibus de PERUA ou LOTAÇÃO??? Fico indignada. Isso é pq esse rebanho nunca andou na boa e velha TOPIC ou KOMBI pra ficar chamando aquele amor de ônibus de perua...rai, ai, viu?!
Em Salvador eu pouco andava de ônibus. Ou andava de carro ou ia a pé mesmo. Mas confesso que as experiências de buzu foram trágicas em sua maioria. Um guri vomitou no meu tênis novo quando eu tinha 15 anos. Um cara virou um cesto de peixe no meu pé. Uma senhora gorda sentou no meu colo. Um cobrador pediu meu telefone. Um senhorzinho com a bíblia na mão queria me converter em alguma religião não identificada. Um moleque que vendia balas-de-gengibre-cura-tudo me acusou de pegar uma bala do cesto dele. Motivo suficiente pra trauma, não?

Paulo Bono disse...

muito bom, meu irmão.
mas é melhor levar uma roçada de uma putinha no corredor do que uma laranjada na janela.

abração.

Anômima disse...

Aguardo os próximos tópicos. Vou aplicar os conselhos por aqui, principalmente esses dos passageiros inconvenientes que está por vir.

Welker disse...

O guia é universal. Muito bem feito, sem contar que agora a magia foi revelada... só pega ônibus lotado quem precisa chegar rápido em algum lugar, ou seja, todo mundo.

Larissa Santiago disse...

ahhhhhh
quero esse guia pra mimm...
se bem que tenho avançado nessas aulas... tipo:
nunca pegue Estação Pirajá!
é o unico onibus que desce 1 sobe 100 passageirosss!!!

(adorei do Lapa)


Quer ver outro q passa direto: Santa Monica! eh o cão!!!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
vou fazer pós graduação em buzulogia!!!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkk

sempre muito bom!!!

Dormir jamaissss

Sunflower disse...

meu, levar esfregão no ônibus, não é legal.

beijas