“Baixinha, loira, recém-chegada. Sem restrições, R$ 150. 7776-9898”.
Esse foi o anúncio que Manoel viu no jornal. Interessou-se e ligou. Depois de marcar o encontro, deitou-se na cama com o jornal na mão. Do lado da cabeceira apenas os óculos remendados com fita adesiva. Olhou novamente o anúncio e sorriu.
Esse sorriso é mais de nervoso do que qualquer coisa. A fase para Manoel não estava das melhores. Para mulher, a vida é sempre mais fácil. Manoel, assim como acontece com todos os homens pelo menos uma vez na vida, estava passando por uma má fase. Jovem de apenas 29 anos, ele não levava uma mulher para cama havia mais de um ano e não lhe faltou tentativas: Márcia, ex-colega da faculdade; Jéssica, sua aluna no curso profissionalizante; Juliana, vizinha dos tempos do Garcia; e muita outras. Todas tinham em comum a rejeição ao rapaz.
De um primeiro momento de abalo, Manoel resolveu agir de algum jeito. Olhar o jornal foi uma boa tentativa, embora ele tenha tentado isso outras vezes, mas sempre esbarrava no medo. Mas não, agora era diferente. Por algum motivo transcendental, ele se encantou com aquele anúncio simples e direto. E ligou.
O encontro estava marcado para um famoso motel da orla, local que ele nunca tinha ido, nem nos tempos de boa fase. Como Monique (esse era o nome dela) tinha carro, marcaram de se encontrar lá. Precavido, Manoel levou de casa uma garrafa de vinho e uma caixa de cerveja, que colocou logo no frigobar. A espera foi angustiante. Pensou em se masturbar, afinal, aliviaria sua tensão e, na cabeça dele, prolongaria seu orgasmo com a prostituta. E fez. Ficou louco de ver vários filmes pornô na televisão de plasma do quarto. O tesão era forte, e talvez o nervosismo, que ele já estava de pênis em riste novamente. E nada de Monique.
Depois de ligar para ela e constatar que estava mais do que atrasada, o filme de orgia na tv foi o suficiente para mais um vai-e-vem de mãos de Manoel. Caiu desfalecido na cama redonda e sorriu. Já estava quase a cochilar quando o telefone da recepção tocou: era ela. Arrumou-se na cama, vestiu a cueca preta de marca e preparou a melhor feição cafajeste – achava que condizia com o momento.
Monique bateu na porta, mas nem deu tempo dele reagir. Entreabriu a porta e jogou uma venda. Manoel achou maravilhoso e entrou no jogo. Colocou a venda e chamou a garota de “meu amor”. Ela entrou lânguida e gemendo, furtivamente se esgueirando pelos cantos do enorme quarto, enquanto Manoel imaginava o esguio corpo da garota. Manoel não via, mas Monique era dona de um corpo escultural, fruto de muita academia. Mas ele sentiu. A moça chegou bem perto dele e o acariciou, beijou-lhe a face e apalpou seu pênis por cima da cueca. Propôs alguma coisa quente no ouvido do rapaz, que logo aceitou.
E estava feito. Monique amarrou vagarosamente Manoel à cama. Correu para o corredor e chamou alguém, que logo viu-se era seu comparsa Alaor, que estava escondido no porta-malas do Siena. Os dois fizeram a festa no quarto e Manoel não podia falar nada, já que tinha a boca cheia pela própria cueca. A festa dos dois estava feita e Manoel podia apenas ouvir e nada fazer. Mas não pensou em muita coisa, só sentia o cheiro inebriante da moça e seu pênis reagia ferozmente. Ficou em estado de loucura quando percebeu que os outros dois faziam sexo ali mesmo na frente dele, muito embora o enganado não pudesse ver nem falar nada.
Depois do sexo, Monique e Alaor resolveram agir de verdade. Fizeram a limpa em tudo que podiam levar de valor. Até a TV de plasma não escapou: foi junto com Alaor no porta-malas do carro. E mais: dinheiro, bebidas, guloseimas, produtos eróticos, cigarros, fronhas, travesseiros e tudo que pudesse caber em sacolas e ser escondido no Siena.
Manoel era só desilusão. Depois que os dois saíram, mal conseguia esboçar qualquer reação. O pior era que aquele prejuízo todo ia ser cobrado a ele, seja lá a que horas conseguissem achá-lo ali, humilhado, amarrado e proibido de falar pela própria cueca enfiada na boca. Alaor e Monique saíram tranquilamente pela porta da frente, já que o motel permitia encontro de casais em carros separados e no mesmo quarto. Para o motel, o encontro tinha sido feito e ela foi embora deixando o rapaz descansando. Mal sabiam eles. Algumas horas depois e Manoel até dormia, quando o telefone tocou. Provavelmente desconfiaram de alguma coisa e, como ele não atendia, bateram na porta e só ouviram os sussuros do rapaz. Tudo descoberto, a polícia foi chamada e Manoel não pôde esconder a vergonha. Decidiu não denunciar nada e arcar com todos os prejuízos.
Ontem, na varanda de seu apartamento, Manoel fumava um cigarro e folheava o jornal. Pegou os classificados e abriu, perdendo as contas de quantas vezes tinha feito aquilo nos últimos meses. Mas dessa vez conseguiu. Achou novamente o mesmo anúncio. Com um sorriso no rosto, anotou o telefone na agenda do seu novo celular pré-pago e marcou o encontro. Do outro lado da cidade, Monique desligava o telefone e corria para os braços de Alaor. Na TV de plasma rolava um filme pornô.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
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12 comentários:
E aí, vai ter continuação? Estou esperando. hehehehe
Não, esse não terá continuação. ;p
Muito tragicômico! Lembrou-me um episódio da terceira temporada de Seinfeld, em que George é amarrado na cama de um hotel e a mulher leva suas roupas e os trocados - ele estava desempregado na época e ela não tinha muito o que roubar.
Só tenho uma coisa a dizer pra esse cara: "que otário, deu mole".
eheheheheh
Eu diria melhor: PERDEU, PREIBÓI!
E quem nunca passou por uma fase dessa que atire a primeira pedra preciósa.
Rodrigão, adorei o texto.
Não se deve levar qualquer uma pra cama! Pode dar problema!
Isso me lembra uma amiga minha, Cíntia (pseudônimo), mas não posso revelar publicamente!
Abraços!
que putaria. Morrendo de rir aqui.
beijas
hahahaha
ele tem que montar uma estratégia...
bjus
Ahhh! Ansiosa pelo desfecho..hahaha
posso imaginar qualquer coisa?
eu quero que ele consiga amarrar Alaor, faça a festa com ela e vá embora no Siena;;
hahaha
beijos
O desfecho é serventia da casa
;p
ahh nao acreditooo!!!
vc provoca e nao terminaaa?
tah foda!
(vc broca)
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