Synedoche, New York
2008
124 min
Nota: 3 (de 5)
A sensação que o espectador tem ao acabar “Synedoche, NY” é de exaustão - para o bem e para o mal. E não é pra menos: ao longo de 2h de projeção, Kauffman, em sua estréia como diretor, abre seu mais aterrorizante e confuso baú de memórias e conflitos existenciais, dando vazão a tudo isso da maneira mais caótica possível.
O filme acompanha a trajetória de Caden Cotard (Phlipe Seymor-Hoffman), atordoado diretor de teatro que vive às turras com sua própria consciência e vontades explícitas. Ao ver seu casamento terminado e afastado do convívio com a própria filha, Caden reuni um elenco grandioso pra realizar uma peça de teatro inusitada: contar sua própria vida.
Essa temática já é corriqueira na carreira de Kaffman (vide o excelente “Adaptação), mas dessa vez ele exagerou. A impressão que fica é que, como dessa vez ele também dirige o filme, não houve freio para suas inquietudes e maluquices, o que acaba comprometendo parte da obra. Kauffman é louco e tem uma visão de mundo fragmentada, e isso todos que acompanham suas histórias conhecem, porém, dessa vez ele vai mais longe e afunda na sua própria consciência. É como se Caden fosse ele próprio na busca incessante pela perfeição estética e idealizada da vida.
Para realizar tudo isso não faltam personagens e reviravoltas. Imagine dois espelhos voltados um contra o outro. Assim é Synedoche, com suas sucessões de diálogos fortes e personagens que se confundem entre si. Caden, a princípio, apaixona-se por Hazel (Samantha Morton), mas é casada com Adele (Catherine Keener). Quando o relacionamento acaba, ele volta seus olhos para a frágil Hazel, mas tudo acaba de uma maneira inesperada. Mesmo assim, os dois ainda voltam mais tarde, muito embora Caden no momento esteja ligado a Claire, atriz da companhia. Confuso? Não, isso é pouco perto da confluência e relações complexas que cada um tem entre si.
É engraçado que, afora essas loucuras e viagens, Kauffman parece estabelecer grandes relações entre outras obras, seja de cinema ou literatura e teatro. E há muitas significações escondidas em cada cena, em cada diálogo e em cada movimento de câmera, o que reforça ainda mais a tese de que ele precisa de um freio. Este seria necessário, aliás, para dar mais fluidez à história, que em muitas passagens fica monótona. Em “Synedoche”, Kauffman não consegue produzir soluções visuais inteligentes para passagem espaço-temporal, como acontece em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, roterizado pelo próprio e dirigido por Michel Gondry.
Talvez somente assistindo mais de uma vez para entender completamente o que se passa na cabeça de Charlie Kauffman, o gênio por trás de tanto existencialismo. Ou então, seria a hipótese mais razoável, ele precise ficar mais concentrado no roteiro e confiar na mão de outro diretor.
O próprio
Avesso a entrevistas, Charlie Kaffman lançou seu filme em Cannes, em maio desse ano, falando pouco e deixando os espectadores mais confusos ainda. Disse, por exemplo, que “Synedoche, NY” (Sinédoque, em português, que significa “a parte pelo todo”, ou metonímia) pode até ter relação com algum filme de Fellini, embora ele não seja cinéfilo e conheça pouco do cineasta italiano. E, claro, não disse nada de concreto que pudesse ajudar na compreensão da obra. Aqui em Salvador, dentro do Festival de Cinema de Arte, a sessão estava completamente lotada e, aparentemente, teve boa recepção.
O filme acompanha a trajetória de Caden Cotard (Phlipe Seymor-Hoffman), atordoado diretor de teatro que vive às turras com sua própria consciência e vontades explícitas. Ao ver seu casamento terminado e afastado do convívio com a própria filha, Caden reuni um elenco grandioso pra realizar uma peça de teatro inusitada: contar sua própria vida.
Essa temática já é corriqueira na carreira de Kaffman (vide o excelente “Adaptação), mas dessa vez ele exagerou. A impressão que fica é que, como dessa vez ele também dirige o filme, não houve freio para suas inquietudes e maluquices, o que acaba comprometendo parte da obra. Kauffman é louco e tem uma visão de mundo fragmentada, e isso todos que acompanham suas histórias conhecem, porém, dessa vez ele vai mais longe e afunda na sua própria consciência. É como se Caden fosse ele próprio na busca incessante pela perfeição estética e idealizada da vida.
Para realizar tudo isso não faltam personagens e reviravoltas. Imagine dois espelhos voltados um contra o outro. Assim é Synedoche, com suas sucessões de diálogos fortes e personagens que se confundem entre si. Caden, a princípio, apaixona-se por Hazel (Samantha Morton), mas é casada com Adele (Catherine Keener). Quando o relacionamento acaba, ele volta seus olhos para a frágil Hazel, mas tudo acaba de uma maneira inesperada. Mesmo assim, os dois ainda voltam mais tarde, muito embora Caden no momento esteja ligado a Claire, atriz da companhia. Confuso? Não, isso é pouco perto da confluência e relações complexas que cada um tem entre si.
É engraçado que, afora essas loucuras e viagens, Kauffman parece estabelecer grandes relações entre outras obras, seja de cinema ou literatura e teatro. E há muitas significações escondidas em cada cena, em cada diálogo e em cada movimento de câmera, o que reforça ainda mais a tese de que ele precisa de um freio. Este seria necessário, aliás, para dar mais fluidez à história, que em muitas passagens fica monótona. Em “Synedoche”, Kauffman não consegue produzir soluções visuais inteligentes para passagem espaço-temporal, como acontece em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, roterizado pelo próprio e dirigido por Michel Gondry.
Talvez somente assistindo mais de uma vez para entender completamente o que se passa na cabeça de Charlie Kauffman, o gênio por trás de tanto existencialismo. Ou então, seria a hipótese mais razoável, ele precise ficar mais concentrado no roteiro e confiar na mão de outro diretor.
O próprio
Avesso a entrevistas, Charlie Kaffman lançou seu filme em Cannes, em maio desse ano, falando pouco e deixando os espectadores mais confusos ainda. Disse, por exemplo, que “Synedoche, NY” (Sinédoque, em português, que significa “a parte pelo todo”, ou metonímia) pode até ter relação com algum filme de Fellini, embora ele não seja cinéfilo e conheça pouco do cineasta italiano. E, claro, não disse nada de concreto que pudesse ajudar na compreensão da obra. Aqui em Salvador, dentro do Festival de Cinema de Arte, a sessão estava completamente lotada e, aparentemente, teve boa recepção.
10 comentários:
ca- la- rooooo que eu vou ver. Nem li só pra não destruir nada das minhas expectativas.
beijas
ó só o que eu vi agora: fui chamada anonimamente de "aventureira" e "infeliz" no meu post sobre ter um filho e empregar o Predador. Já pensou?
Oh, céus, onde a Internet vai parar?
beijas
Olá, Rodrigão. Sou um grande fã de Phlipe Seymor-Hoffman e adoro Charlie Kaufman.
Não sabia desse filme. Por silnal, estou desatualizado sobre cinema.
Bela dica..abraços!!!
Não sou muito fã de filmes muito "rebuscados" e "loucos" não. Só que adorei "Adaptação".
Do jeito que você falou e pelo comentário que li de Ramon em outro post esse deve ser foda. Sei se tenho coragem de conferir não hehehehe
Li uma parte de sua resenha. Quando eu conferir o filme - seja lá quando eu consiga vê-lo, não sei se vai passar na Mostra de SP -, leio seu comentário por inteiro. Mas, pelo jeito, o Kaufman mais uma vez coloca a cabeça do espectador para trabalhar - e muito.
Li uma parte de sua resenha. Quando eu conferir o filme - seja lá quando eu consiga vê-lo, não sei se vai passar na Mostra de SP -, leio seu comentário por inteiro. Mas, pelo jeito, o Kaufman mais uma vez coloca a cabeça do espectador para trabalhar - e muito.
olá,
não sabia que você tem blog, descobri por acaso no blog da samantha abreu. continue assim.
abs
Porra man, eu tava completamente atordoado depois da sessão, por isso nem falei e nem te reconheci direito.
ehhehehehe
eu queria ir vê
:(
e agoraaa? (desesperoOoOOo)
A presença do Phlipe Seymor-Hoffman já faz o filme valer.
Beijos :D
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