terça-feira, 29 de julho de 2008
Divina Providência
Foi assim que, 48 anos atrás, nasceu Divina Providência. É por isso que agora, nesse agosto maravilhoso, seus parentes estavam comemorando o aniversário da quase senhora. Divina ainda lembrava da mãe com carinho, morta há alguns anos, e tentava conter o pai, que todo aniversário da filha contava a história do parto. Daí o nome. A própria era contida nessas intimidades e somente as contava ao jovem padre José, da paróquia da Graça. Nem mesmo Amâncio, seu marido 10 anos mais velho, sabia de coisas íntimas dela.
Padre José ouvia quase todos os dias a voz de Divina. Mesmo de longe já reconhecia o timbre da moça; sim, gostava de chamá-la assim, mesmo que ela se sentisse com vergonha. Mas ele não. Divina freqüentava a igreja quase todos os dias. E confessava. E orava. E não faltava a nenhum chá que as beatas da Graça ofereciam em seus palacetes decadentes. Pelo menos passava o tempo e jogava conversa fora.
Ela também freqüentava a sacristia do jovem padre, sempre solícita em suas questões religiosas. Ajudava até na preparação da hóstia. Chegava sempre alguns minutos antes da missa das 7 da manhã, mas naquele dia escuro de agosto chegou um pouco mais cedo, talvez correndo da chuva que ameaçava desabar. Não foi uma boa hora. No virar do corredor, deu com o jovem padre José trocando de roupa. Ali mesmo. No arribar da bata, Divina só conseguiu ver o corpo jovial de José; e nessa hora ela nem conseguiu distinguir o padre do homem. Um calor subiu-lhe pelas pernas e só encontrou guarida num suspiro calado. Deu meia volta e saiu chispando.
De noite, Divina estava melhor (tinha passado o dia enfurnada no quarto) e mais disposta durante o jantar. Fez até um afago solitário no marido, algo que não acontecia há muito tempo. Os dois subiram quietos como sempre e Amâncio o tempo todo a falar de contas e conjecturas financeiras, algo que sua profissão de contador não lhe deixava esconder. Divina estava mais lânguida e o marido percebeu a deixa. O casal fazia sexo somente algumas poucas vezes por mês, muito diferente do começo do casamento. Mas nessa noite Amâncio partiu pra cima e Divina, com uma serenidade sexual, deixou que rolasse. O melhor sexo em anos.
Claro, Divina estava com a cabeça em outro local. Mesmo com seus 48 anos, ela ainda dispunha de coxas roliças e um corpo bem cuidado, apesar das carnes que às vezes lhe fugiam de alguns vestidos. Sentiu-se consumida naquela missa do dia seguinte. Apesar de tudo, ainda achava que o padre José poderia sentir algo por ela. Era difícil, mas sim, era possível. Até a bata e todo ritual da missa agora lhe trazia um tesão arrebatador. Esperava a noite com um furor irreconhecível e atacava Amâncio de jeito que ele nunca vira antes.
Com todo esse calor, o casal voltou a transar diariamente e, dessa vez, com muito mais vontade. Até fantasias Divina preparava e exigia o mesmo do marido. Numa dessas noites ela pediu a ele que abrisse a caixa de presentes e vestisse aquela fantasia. “Fico doida só de pensar em você vestindo isso”, disse ela. Amâncio apressou-se em colocar a fantasia de padre e, naquela noite, Divina chegou a acordar os vizinhos com seus gritos de amor.
Gritos verdadeiros, mas Divina sempre se excitava mais com a fantasia de padre que Amâncio vestia, o que levou o marido a desconfiar de alguma coisa. Foi então que decidiu, de surpresa, aparecer numa missa. Sentou-se ao fundo para que ninguém o visse e constatou algo que lhe deixou encabulado, pois concluiu que os olhares da esposa para o jovem padre José eram insinuantes. Daí ligou com a fantasia... E pronto. O homem saiu enfurecido para casa. Lá esperou Divina e só não deu na cara dela porque alguma força sobrenatural o segurou. O homem era só raiva. Dizia impropérios, xingava as gerações dela, maldizia os católicos, sobrando até para o padre.
O jovem Pedro não sabia o que lhe aguardava. Amâncio saiu furioso de casa em direção à paróquia. Dizem que ninguém é homem até ser corno e que, dessa forma, a alma só pode ser lavada com sangue. Amâncio não pensava em nada, mal sabendo ele que o adultério de Divina só existia na cabeça da moça. Pobre padre José. Nem viu da onde veio o primeiro soco, que estourou-lhe o nariz. Mal conseguiu levantar e tomou outro chute no rosto, dessa vez custando-lhe dois dentes. O tiro, então, ele talvez nem tenha sentido e foi certeiro no peito. A av. Princesa Leopoldina ficou surda no momento. Divina vinha atrás e caiu de joelhos em desgraça.
Com os meses que se passaram, Divina dividia o tempo entre o hospital e o presídio Lemos Brito, para onde Amâncio foi encaminhado depois do julgamento. Não deixou um domingo sequer de visitar o ex-marido. A sorte dele é que sua pena estava reduzida, já que o jovem padre José não morreu. Um milagre salvou o rapaz, depois de sangrar muito na escadaria da igreja. Passou 6 meses no hospital e saiu quase ileso sem nenhuma seqüela, pronto para ocupar o lugar do homem da casa de Amâncio. José e Divina passaram a viver juntos tórridos momentos de amor. Ele, excomungado, estudava letras na universidade e dava aulas de filosofia para pagar as contas. Ela cuidava da casa, como sempre. Mas nunca deixaram, sempre os dois juntos, de visitar Amâncio na penitenciária.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Top 10 reloaded
1 - A notícia da morte de ACM chegou atrasada para os pingüins, que resolveram prestar as últimas homenagens a seu ancestral mais famoso (sim, os bichinhos são chamados de “Pinguins de Magalhães”. Sério).
2 - Mais uma bizarrice do nosso prefeito, tentando dar lógica a seu slogan: “pode acreditar, tá acontecendo”.
3 - Queriam ir para a Índia, mas pegaram a mesma rota de Pedro Álvares Cabral e sua esquadra.
4 - Os pingüins-magalhães estavam, na verdade, em direção ao Estreito de Magalhães, mas resolveram fazer uma visitinha a outra terra de Magalhães.
5 - O carnaval chegou mais cedo pra bicharada.
6 - Com a implantação da lei seca, os pingüins do rótulo da Antarctica ficaram sem função.
7 - Pingüins suicidas querendo virar enfeite de geladeira. Última moda no pólo sul.
8 - Os coitadinhos acreditaram no slogan do membro mais famoso da família: Bahia está no caminho certo. Pena terem errado o caminho...
9 - Fazem parte de mais uma ação ousada de marketing do filme “Madagascar 2”. Essa semana vai haver migração desordenada na Europa e nos EUA.
10 - Com a palavra Gilberto Gil: “Tudo faz parte do cataclisma sociológico que espécimes diversas vem sofrendo ao longo de séculos, num processo ardiloso de submissão, revelando ao homem prosopopéico do ocidente toda cadeia evolutiva e inventiva de um fenômeno tropicalista baiano”. Cala a boca, Gil!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Idéia maluca
Pois bem. Eu serei louco suficiente para mandar e-mails para todos os candidatos. Mandarei perguntas pertinentes, muito longe daquelas baboseiras que a grande mídia fala. Serão questões pontuais e, claro, conto com a ajuda de quem quiser perguntar. Pode mandar.
Se eles vão responder? Quem sabe!? Ai já não é problema meu. Creio que final de agosto e começo de setembro seja bom para o envio. Talvez antes, já que eles devem tá ocupadíssimos e devem demorar pra responder (se é que vão...).
P.S.: só para ilustrar o que estou dizendo, leiam esse link (a primeira matéria). Pode parecer um problema menor, mas no fundo a causa dele é a mais importante de todas: desemprego.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Desilusão
No jargão local, toda prostituta tem seu preço. Não, não o preço para ir para cama. Gorete e todas as outras tinham seu preço para mudar de local de trabalho. Se antes ela era mais uma entre tantas dançarinas de um cabaré decadente da orla de Salvador, hoje ela ocupa uma bela mureta na mesma orla, mas num local estratégico de passagem. Não deve a ninguém, e só quem pagou para ela mudar foi Charles, que fica com 30% de tudo o que ela ganhar. Bem melhor do que os 50% que o puteiro anteior tirava dela.
É claro que Gorete não usava seu nome de batismo na luta noturna pela conquista de clientes. Ela era Sybele, assim mesmo com “y”. Aquele novo ponto de trabalho era comandado por Charles, que tinha também quase todos os pontos da orla da Pituba. Era bom para ela, principalmente nos fins de semana, pois sua mureta ficava estrategicamente localizada em frente a um dos maiores puteiros de Salvador. Era valorizadíssimo no mercado. Dizem até que Charles matou dois numa briga somente para ter controle do lugar. Ali era cliente certo. Sybele dava duro todas as noites e quase não tinha dias de folga.
No início alguns até estranhavam, porque a prostituta não tinha um belo corpo e a idade já começava a incomodar. Mas tudo isso ela compensava com seu olhar lascivo e hipinotizante que cativava todos que paravam na rua. E ela dava conta do recado como poucas, tanto é que muitos clientes voltavam para repetir a dose. Charles era um homem de visão.
Em dias movimentados era impossível encontrar Sybele no seu posto e algumas meninas até esboçavam tomar a mureta dela, mas o cafetão estava sempre a postos para proteger o local. Todas as noites Sybele aparecia vestida de forma que todos os homens olhavam para ela, até mesmo distintos senhores que passavam de carro acompanhados das esposas. Era impossível não achá-la linda metida naquele vestido vermelho ou na combinação perfeita da calça apertada e da blusinha escrita “I Love NY” que deixava parte da barriga de fora. No carnaval muitos estrangeiros passavam por ali e não resistiam à beleza morena de Sybele.
Foi numa dessas passagens que Gorete disse a Charles que queria largar o ofício. Macaco velho, o cafetão bem sabia do que se tratava. Aliás, era um risco que ele sempre corria quando uma menina fazia muito sucesso. O assédio de gringos é sempre forte e a oferta para deixar o país é quase inevitável. Como numa história de contos de fadas, depois de três anos trabalhando no mesmo ponto, Sybele criou asas e bateu pra longe dali. Ia para a Itália ao lado de Marriconi, um grande engenheiro que trabalhava numa grande empresa no país da bota.
Charles se viu perdido. Mas Gorete, aposentando o nome de Sybele, estava muito feliz com a mudança. E gostava mesmo de Marriconi, apesar de se incomodar um pouco com seu pênis pequeno. Mas afinal, depois de tantos anos fazendo sexo quase que diariamente, um pênis pouco avantajado não iria sujar seu futuro. E o italiano era bondoso e dava muito carinho a ela. Na Itália, a vida dos dois era muito romântica: viagens pela Europa, bons restaurantes, casa grande e sexo esporádico. Mesmo sem poder ter filhos, Gorete não se abatia.
Os bons 10 anos que passaram juntos foi, como diz o ditado, “eterno enquanto durou”. Nesse tempo todo, eles nunca voltaram ao Brasil e se preparavam para a tão esperada viagem que enfim iria acontecer. Até que Marriconi morreu de um ataque do coração devido a um bem sucedido ménage a trois. Ele não agüentou.
Gorete foi aos prantos e assim ficou por dias, até que a família dele, que a essa altura já sabia do seu passado, não pensou duas vezes em deixá-la com a mão na frente e outra atrás. Mandou a ex-prostituta de volta ao Brasil sem que ela tivesse chance de reação. E sem nada no bolso a não ser desilusão.
O desembarque foi triste. Tudo tinha mudado, até o nome do aeroporto, que era agora chamado por um nome esquisito de alguém que ela não tinha a mínima idéia de quem era. Com poucos trocados no bolso, Gorete tentou voltar a seu velho bairro, mas agora era quase tudo pó ou condomínios intermináveis e de uma mesma cor. Tinha muito mais gente na rua e muito mais dor.
A única saída era esperar à noite e torcer para que Charles ainda estivesse tomando conta do local. Mas não, não estava. Ela descobriu quando voltou à sua velha pituba pela noite e não reconheceu nenhuma das meninas que faziam ponto nas redondezas. Só se lembrava de Zé, um velho guardador de carro que permanecia firme na profissão. Foi ele quem disse que Charles já não mandava ali fazia tempo, “desde que botaram mármore na calçada”, disse. Ela olhou para o chão e entendeu, mesmo que melancolicamente.
Nos meses seguintes ela penou, mas conseguiu sobreviver. Claro, teve que voltar à sua velha profissão de prostituta, mas agora aliando-se a gente muito duvidosa. Sentia saudades de Charles toda noite. Ontem ela não foi para cama com ninguém. O mesmo que vem ocorrendo desde o mês passado, quando o movimento caiu bastante. Mas ela todo dia está lá. A velha mureta? É ela mesma, mas hoje pouco valorizada pelo fato de que não há muita coisa boa por perto. Nem puteiro, nem casa de jogos, somente um bar decadente. Nas noites de chuva nem tem mais onde se esconder e sua única companhia é uma lata diária de Coca-cola light.
sexta-feira, 18 de julho de 2008
O bonde dos novos tempos
Agora a nova onda é utilizar a internet pra roubar. Calma, não do jeito que estamos acostumados, com hackers, etc. Semana passada uma notícia daqui da terra passou meio despercebida. Eu até lembrei de comentar no blog e anotei, mas esqueci e hoje me deparei com a tal anotação. Pois bem. Semana passada um grupo de adolescentes fez um arrastão na Tancredo Neves, a nossa av. paulista de pobre. Passou roubando quem visse pela frente nas passarelas. Cerca de 40 meninos foram presos depois que um rapaz denunciou.
O mais engraçado é que eles revelaram à polícia que se encontram pela internet e de lá marcam tudo. Novos tempos. Estamos vivendo o lado negro da inclusão digital. Isso também me fez lembrar de um grupo de trombadinhas famoso, os Capitães da Areia. Na história de Jorge Amado, o grupo aterrorizava as famílias ricas da Barra e Graça, roubando de tudo. Os policiais nunca conseguiam pegá-los e davam os dedos da mão para descobrir o esconderijo deles. E eram adolescentes assim como esses de hoje que, ironicamente, denominam-se “O Bonde”, numa alusão às gangues cariocas. Se fossem do Capitães da Areia eu duvido que teriam sido pegos. E se fossem iam fugir e voltar a assustar as famílias ricas. Bons tempos, Jorge.
Notícia completa do acontecido.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Top 10
Essa é contada aos quatro cantos da Bahia, porém nunca houve uma comprovação irrefutável da visita dos dois à aldeia hippie de Arembepe, que, aliás, resiste até hoje. Basta uma rápida pesquisa no google para comprovar: todos os links falam da visita dos dois (e também do diretor de cinema Roman Polanski), mas sem nunca entrar em detalhes. Não existe registro fotográfico. Na há data correta. Um amigo certa vez fez um documentário lá na aldeia e, obviamente, abordou o assunto. Muita coisa se falou, mas nada de concreto saiu das bocas dos hippies.
2 - Metrô de Salvador
Essa lenda é de mau gosto, eu admito. Mas infelizmente não pude deixá-la de fora. O projeto original do metrô data de quase 10 anos atrás. De lá pra cá, pouquíssima coisa mudou, mas muita coisa aconteceu: mudou-se prefeito, teve greve dos operários, mudou-se o governador, teve greve dos operários, mudou-se o projeto, teve greve dos operários... E esse ano João Henrique anunciou que em dezembro o metrô vai começar a funcionar. Eu duvido.
3 - Ivete Sangalo é a Amy Winehouse brasileira
Eu não questiono o fato dela cheirar pó, mas o que se fala na boca pequena da Bahia é que Ivete é uma junkie total. Que ela vive dando entrada no Hospital Aliança com crises de overdose, que vive dando festas regadas a pó em seu apartamento luxuoso, que vive fazendo show sob efeito do pó... Mas de concreto nada se sabe. Mas NÃO DEIXEM de acessar o link. Vocês vão morrer de rir.
4 - Caetano Veloso é homem
Ele já foi casado, eu sei. Ele andou uns tempos freqüentando as colunas sociais devido a um envolvimento com alguma mulher gostosa anos mais nova que ele. Ele já pegou algumas outras tantas gostosas, mas ninguém confirma (realmente) se ele é homem. Dúvidas (e muitas) pairam no ar.
5 - Campeonato Baiano de 1999
Na história, depois de anos de imbróglio, o título ficou dividido entre Bahia e Vitória, mas no campo ambos contestam o título. O segundo jogo da final estava marcado para o Barradão, mas o Bahia conseguiu na justiça que a partida fosse para a Fonte Nova. Numa demonstração de meninos mijões, cada time foi para um estádio e bateu pé. Ninguém sabe, até hoje, quem REALMENTE tem razão.
6 - ACM mandou matar o cunhado
Essa é clássica e é contada desde que o baiano começa a aprender a falar (que é pra sair fofocando por ai). Reza a lenda que ele matou devido a um problema com sua filha, mas essa versão é contada diferentemente de baiano para baiano. Mas no final, a história conta sempre que ACM mandou matar o incauto.
7 - Bahia Holandesa
Quem nunca ouviu dizer que a Bahia seria mais desenvolvida se os holandeses nos tivessem colonizado? Pois é. Eles foram até Pernambuco e o Estado não evoluiu demasiadamente, mas o povo daqui acha que seria diferente com a Bahia. Beleza. Os holandeses nos deixaram um legado: o dique do Tororó.
8 - Grupo de advogados sempre ganha na mega-sena
Eu duvido que ninguém nunca tenha ouvido falar nessa. Pois bem, existe um grupo de advogados baianos (que ninguém sabe quem é, obviamente) que sempre ganha os prêmios da mega-sena. E continua apostando sem parar e ganhando sem parar. Ninguém nunca viu vestígios de nenhum deles.
9 - Lídice da Mata é a pior prefeita da história de Salvador
Bem relativo isso, mas é sempre propagado por ai. Pra quem já teve como prefeito Fernando José, Mario Kertz e João Henrique, eu tenho cá minhas dúvidas com relação a posição de Lídice. Além do mais, o povo diz também que ela foi boicotada pelo governo do Estado no repasse de verbas. Outra lenda...
10 - Incêndio do Teatro Castro Alves
O maior teatro da Bahia passou 9 anos fechado, entre 58 e 67, devido a esse incêndio. Dizem as más línguas que foi criminoso, outros dizem que não. A verdade é que a causa real nunca foi descoberta.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Diálogos do Cotidiano – Bife temperado
- Trair você? Isso é lá pergunta que se faça na mesa do almoço, Ana...
- E tem hora é?! Você ainda não me respondeu
- Pois eu me recuso a responder. Você tem que confiar em mim, oras... Se não há confiança num relacionamento é...
- Conversa mole pra cima de mim não! Responde!
- Passa o sal que essa salada tá sem gosto
- Não me ignore... Aliás, salada sem gosto é a da sua mãe!
- Não coloque mamãe no meio, Ana Maria. Ela não, por favor.
- Mas se é mesmo. Você sempre soube que ela nunca soube cozinhar. Além do que salada era uma das piores coisas que ela fazia. Lembra daquela salada mista que ela fez uma vez e que, sei lá como, não tinha cenoura!?
- Se lembro... Eu mesmo fui na cozinha buscar cenoura... Mas peraí... Nem tudo que ela faz é ruim.
- Ah, é é? Então me diz uma coisa ai. Um pratinho sequer...
- Tem sim, é só eu me lembrar... Lasanha!
- Você só pode estar brincando... A lasanha dela tem gosto de chuchu.
- Hm... Então o strogonoff... É bom, vai...
- Só se for pra ter dor de barriga. Ela põe muito creme de leite
- Mas você também, né!? É cheia de dosagem nas coisas. Eu gosto de comida melada, com tempero, cheio de coisas gostosas. Ai você vem com esse bife aqui, ó... Esse mesmo. Olhe pra ele. Ele pede um molho e o que você faz? Nada de molho porque assim é mais nutritivo, que não sei o quê e...
- Traidor descarado! Onde você anda comendo bifes temperados, hein Luis Fernando?
- Oxe, como assim “aonde”?! Eu só...
- Traidor! Eu sabia, eu sabia! Ela faz bifes temperados com o quê? Shoyo é? Ou só no alho!? Porque uma vez eu fiz aqui e você ficou cheio de azia, mas não... Não! Pra outra você come e fica arrotando o dia todo, seu safado!
- Mas amor, não é nada disso... O seu bife é gostoso assim mesmo. Olha só como eu como, ó... Hm... É magrinho, mas é bom
- Você tá achando que eu tô magra demais é? Porque eu pago a porra da academia pra ficar gostosa e minha bunda não é tão grande igual as outras somente por causa da genética
- Sua bunda está ótima assim. E você nem é tão magra assim
- Agora eu sou gorda é? Traidor!
- Não é bem assim, eu...
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Mudanças... Mudanças...
E não é só isso. Como publiquei aqui semana passada, a guarda municipal de Salvador não entrou em ação na data prevista (3 de julho) e, estranhamente, ainda continua fora de operação. Portanto, sem picolé de amendoim e sem guarda municipal, quem fará nossa segurança? Porque eu acho que os policiais vão perder completamente sua identidade com a nova cor do uniforme. Azul está fora de moda, ou pelo menos é moda em outras praças. Picolé de amendoim já!
E falando em mudanças, um dos bairros mais tradicionais de Salvador está perdendo sua identidade (ó a famigerada aqui de novo...). A prefeitura vai reformar o “calçadão”, substituindo as pedras portuguesas por outras mais modernas. Ora, a beleza da orla está em grande parte nessa riqueza incomensurável. O argumento é de que as pedras são de difícil manutenção e quebram com o tempo devido a ação das raízes das grandes árvores do local. Mas engraçado que no Rio de Janeiro e em São Paulo as mesmas pedras fazem parte do patrimônio cultural das cidades.
Agora vem o mais curioso. As amendoeiras que tanto atrapalham o piso da Barra foram removidas essa semana. E as pedras portuguesas? Ainda sim serão substituídas pelo granito, o mesmo usado na Pituba.
Esses dois exemplos me deixam triste. De verdade. Policial de roupa azul (temos que arranjar um apelido urgente) e orla sem pedra portuguesa é lastimável.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Um Top 10 diferente
Acesse aqui.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Milagre da medicina
- Bom dia, seu Gonça... Me dá aquela porra pra subir o pau
- Qual dos, Jack?
- O Pramil, Gonça. Tu bem sabe do que tô querendo
- Mas hoje né seu dia de sorte não, meu camarada. A parada acabou ontem.
- Como acabou ontem!? Tô precisando, arranja logo ai que ainda tenho que ir trabalhar
- Tô lhe dizendo, man. Não sobrou uma pilulazinha sequer.
Jackson não fez cara de bons amigos. Já há alguns meses que ele vinha tendo problemas com ereção. No começo achou que era balela e nem deu bola, mas depois que Bernadete deu um pé na bunda dele por falta de sexo, o negócio ficou sério. Os amigos lhe indicaram o tal Pramil, pílula milagrosa proibida de ser vendida em Salvador e provavelmente no Brasil todo. Ninguém sabe de onde vem, mas Seu Gonçalves tem sempre disponível. Menos naquele dia.
E logo na quarta, que era o dia de dar o trato em Silvinha, a faxineira mais gostosa do Center Lapa. É verdade que ela tinha lá seus 40 anos, mas era cobiçada por todos e seus seios viraram até lenda nos Barris, de tão grandes e perfeitos que eram. Jackson tinha conseguido ir pra cama com ela mais de uma vez, um recorde que ninguém nas redondezas havia conseguido. A primeira vez foi no estacionamento do shopping. Quando Silvinha viu o volume por debaixo da calça ficou impressionada. Claro, ele havia tomado o Pramil mais cedo e o bendito estava fazendo efeito. Foi amor à primeira vista.
De lá para a quarta-feira chuvosa se passaram um mês exatamente e os dois já tinham ido para cama por mais de 10 vezes. O hotelzinho da ladeira da Estação da Lapa era endereço freqüente dos dois. Porém, o problema era que Jackson só conseguia transar com Silvinha sobre efeito do remédio. E então ele tinha agora que caçar nem que fosse uma mísera pílula pra poder fazer o pau subir de qualquer jeito.
Se na Baixa dos Sapateiros ele não conseguiu, o único lugar que sobrou era a Avenida Sete, mas lá Jackson era muito conhecido e ia pegar muito mal. E para quê servem os amigos? Beiço foi o encarregado de comprar a mercadoria na mão de um tal de Eduardo “Corta Braço”, alcunha intimidadora, porém de procedência corretíssima. Com R$10 Beiço conseguiu levar dois comprimidos para Jackson que não conteve a felicidade: tomou logo de tarde a primeira pílula para garantir uma noite dos sonhos à Silvinha.
Á noite correu tudo bem. Jackson pegou Silvinha no trabalho, foram comer um hot-dog por ali mesmo e se jogaram apaixonadamente no hotel da ladeira da Estação da Lapa. O local não era muito amistoso, mas era o suficiente para Silvinha se deliciar no resultado do Pramil. Ela não deu trégua a noite toda e foi sexo de tudo quanto é jeito e nada de Jackson gozar: mais de 1h20 sem tirar e sem gozar; já era o novo recorde do casal. E quem disse que ela reclamou? A situação era perfeita para Silvinha, que àquela altura já havia gozado quatro vezes. Mas veio a hora do gozo do rapaz.
Numa fração de segundo, que nem Jackson conseguiu pressentir, o jorro veio forte e acompanhado de uma forte dor de cabeça. Os dois caíram estatelados na cama e só 2 minutos depois Silvinha foi olhar pro lado e viu que algo não estava nos conformes. Jackson parecia não respirar, o suficiente para ela entrar em desespero. Foi um tal de gritaria que o dono do Hotel, Seu Antônio, apareceu esbaforido e não acreditava que o homem havia desmaiado naquela situação, se é que algo pior não acontecera.
Os dois correram e levaram, no carro de Antônio, Jackson diretamente para o HGE. Silvinha estava branca que nem papel e nem percebeu que o membro de Jackson ainda estava em riste. O hospital estava lotado, mas mesmo assim ele conseguiu ser atendido rapidamente. Algumas horas depois o médico apareceu.
-Senhora, é o seguinte: muito provavelmente seu namorado tomou algum tipo de medicamento para ereção. Esses remédios têm como função a “vaso dilatação”, aumentando o fluxo sanguíneo na região peniana. O problema é que essa dilatação não é seletiva e atinge o corpo todo, inclusive a cabeça. Em decorrência disso seu namorado teve uma AVC e encontra-se no momento em coma na UTI. Quando tiver mais informações aviso a Senhora. Boa sorte.
A noticia não poderia ser pior. Primeiro ela nem sabia que o rapaz era impotente. E depois... Coma? Ninguém sabia quanto tempo isso ia durar. Mais tarde ela foi visitar Jackson e notou um volume na coberta: era o pênis dele que ainda estava ereto com toda sua suntuosidade. Silvinha engoliu o choro e não segurou a tentação de pegar no membro de Jackson. Pegou com vontade, ensaiando até movimentos mastubartórios que a deixaram louca de tesão.
Nos meses seguintes, em que Jackson continuava em coma, o milagre da medicina que o matinha vivo era o mesmo que mantinha a ereção contínua depois de tanto tempo. Claro que Silvinha ajudava. Ela ia todo dia masturbar o namorado.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Guardinhas
O dois de julho passou e muita gente não viu. Quer dizer, muita gente viu pela TV e alguns loucos (?) se aventuraram para acompanhar a marcha cívica na cidade. Na tal Marcha, quem historicamente desfila primeiro é o Caboclo e a Cabocla, porém esse ano foi diferente. No primeiro 2 de julho sem ACM (depois de tanto tempo que nem precisa dizer a data), quem veio primeiro foi a nova tropa de guardas municipais.
O pior não é isso. Deu no A Tarde: “Os 243 candidatos já empossados até esta quinta, de um contingente aprovado de de 1.478 pessoas no concurso público realizado em junho, ainda têm que ser submetidos a treinamentos - inclusive na abordagens de pessoas - para que possam começar a trabalhar nas ruas”.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Top 10
2 – Dona Canô
Gosta de aparecer em... : a velhinha “mais querida” da Bahia nunca fez nada para ocupar um “cargo” de tamanha importância na nossa cultura. Tudo bem, ela pariu Caetano e Bethânia, mas isso não quer dizer rigorosamente nada. Todo ano somos obrigados a ver na imprensa festas em Santo Amaro e incontáveis homenagens à Canô. Até propaganda do Banco do Brasil ela protagonizou. E eu continuo me perguntando: que porra essa mulher fez na vida?
3 – Família ACM
Gosta de aparecer em... : A prole Magalhães pega carona há décadas no sucesso político de Antônio Carlos. Tem sobrinho, neto, neta, filho, irmão... Todos vivendo como parasitas em torno do ex-senador. Agora que ele morreu não mudou muita coisa: um filho assumiu o cargo de senador, o neto é candidato a prefeito, uma neta tem coluna de moda na TV, o outro filho é dono da TV, uma outra neta trabalha no jornal da família... Agora pergunte se alguém quer largar o sobrenome. E a briga pela fortuna continua.
4 – Orlando Silva (Ministro dos Esportes)
Gosta de aparecer em... : Está presente em todo e qualquer evento esportivo nacional que tenha um holofote. Essa semana até na posse do presidente do Vasco da Gama ele foi. E deu entrevista. É figura decorativa em todos os eventos, mas está sempre falando em nome do Governo. Não manda em nada e nem tampouco decide qualquer coisa, mas lá está ele nas Olimpíadas, Pan-Americano, finais de campeonatos, etc etc. Quando a arquibancada da Fonte Nova caiu ninguém conseguiu achá-lo.
5 – André Lelis (cantor de axé)
Gosta de aparecer em... : Nunca falta um evento carnavalesco pelo Brasil afora. Engraçado que se você perguntar para alguém se conhece alguma música dele, ninguém sabe, mas os shows e blocos estão sempre cheios. Mais curioso ainda: qualquer evento do Asa de Águia ele está presente, assim como tem a mesma produtora, está vinculado aos mesmos empresários, aos blocos de carnaval de Durval Lélis e tudo mais que possa. Bela ajudinha do irmão.
6 – Irmãos Macedo
Gostam de aparecer em... : Osmar Macedo, junto com Dodô, revolucionou a maior festa popular do mundo, mas a família não chegou nem perto da competência de ambos. O único que até hoje figura como grande músico é Armandinho, mas todo ano tem que levar consigo um bando de “Macedos” para cima do trio. Ninguém larga o osso.
7 – Cira e Regina do acarajé
Gostam de aparecer em... : Quem revolucionou de verdade o modo de se comer acarajé na Bahia foi Dinha. Essas duas vieram a galope com o sucesso dela, mas só Dinha tem um local batizado com seu nome: Largo da Dinha, no Rio Vermelho.
8 – Pierre Onassis
Gosta de aparecer em... : Ele realmente não sabe o que quer. Já tocou em bandas de todos os estilos, já apareceu no Brasil todo e não se decidiu qual é seu estilo musical. Só sabe de uma coisa: não importa como, tem que aparecer.
9 – Zé Bim
Gosta de aparecer em... : É um mero dublê de jornalista. Ele finge que faz jornalismo e todo mundo finge que acredita, dando algumas risadinhas. Ninguém leva o coroa a sério, mas ele se acha o mais poderoso dos repórteres não perdendo oportunidade de aparecer em qualquer situação.
10 – Cumpade Washington
Gosta de aparecer em... : Nos últimos tempos anda sumido, mas fez durante anos figuração no badalado mundo axé de Salvador. Nunca foi cantor, mas tava sempre na frente das bundas atrapalhando nossas visões. Sempre foi um chato e falava muito, quase sempre besteira.