sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Natal de Júlio

Sentado na cama do motel, Júlio chorava copiosamente. Ao lado, uma toalha jogada e algumas camisinhas usadas. A dor no peito atacava-lhe tão forte que, de tanto chorar, chegou a perder o ar. Mesmo assim não tirava do canal pornô na TV, apenas observando o vai-e-vem de coxas e bundas.

Há um ano que Júlio saía com Marina. O primeiro encontro dos dois foi numa típica cena da noite soteropolitana. Primeiro, o rapaz e os amigos saíram para aquecer num bar da moda, regada a muita cerveja importada. Depois, a noite esticou-se até uma casa noturna, do tipo boate, que tocava som alto e repetitivo para pessoas repetitivas. Foi na saída que os dois trocaram o primeiro olhar. Júlio estava mais do que bêbado e foi induzido pelo amigos a dar em cima da garota. Honesta e de bons princípios, Marina sequer deu trela a ele, não por birra, mas por vontade própria. Porém, uma semana depois, os dois novamente trocaram olhares, e dessa vez muito libidinosos.

Daí para o início do romance foi apenas o tempo de um beijo. Marina, uma garota de família rígida e de educação militar, escorava-se na idéia de uma vida matrimonial feliz e cheia de filhos. Mesmo com apenas 22 anos, a garota pensava que teria apenas um namorado e com ele se casaria. Agora se relacionando com Júlio, a ela já planejava na cabeça todo seu futuro com o namorado. Só faltava avisá-lo.

Com 25 anos, Júlio tinha acabado de se formar em engenharia e conseguido um emprego de grande responsabilidade, mas também de grande faturamento. Era a época em que ele mais saía para curtir, beber e pegar todas as mulheres que via pela frente. Numa típica noite, saía de casa às 20h e só chegava 10 horas depois, na maioria das vezes de banho tomado e barriga cheia. Esperto o tal do Júlio.

No princípio, cheio de vigor e virilidade, Júlio conseguia dobrar perfeitamente a namorada. Conhecia todas as formas de despistá-la e sair para curtir com os amigos. Marina, achava ele, pouco sabia, ou quase nada. Todo fim de semana era a mesma coisa, e só mudou depois de alguns meses, quando a falta da menina começou a ser sentida mais profundamente. Não tinha mais forças para sair e chegar de manhã em casa e apenas pensava nela. O amor tinha tomado todo seu coração, inclusive sumplantado tudo que sentia por si mesmo. Marina sorria.

Menina sorridente aquela. Tinha no sorriso e no olhar um encanto incrível sobre os homens. Era o tipo de mulher que fazia o gênero quieta e sempre bem arrumada, num estilo nem tanto recatada, nem tanto extravagante. Mas, no tempo que passou com Júlio, seu brilho pessoal passou a ser muito maior. O namoro parecia estar dando muito certo e ela nem ligava para as escapadas do namorado, que ela sabia, mas ninguém sabia que ela tinha conhecimento. Pouco importava.

Um ano depois, no natal daquele ano, a festa estava toda armada para as duas famílias. Fato inusitado é que Marina prometeu a Júlio que iria, enfim, transar com ele. Era verdadeiramente uma prova de amor, que o rapaz esperava ansiosamente durante esses 12 meses. Ao longo de todo esse tempo, Júlio ficou na abstinência, apenas treinando em casa se masturbando vendo filmes pornôs de todos os tipos. Porém, não contava de jeito nenhum a Marina ou a qualquer outra pessoa. Por ser um cara descolado e já experiente, ninguém percebia que os dois nunca haviam feito sexo e, claro, ele não ia negar nem concordar com nada.

Depois da troca de presentes, todos foram para casa, menos os dois. Marina pegou o carro de Júlio e propôs um jogo: ele ia vendado o caminho todo, para não descobrir aonde iria. Em troca, ela faria algo inusitado e especial para ele. Óbvio, o rapaz não pensou duas vezes em aceitar. No caminho, vendado, ele não viu que Marina passou o tempo todo mandando torpedos para várias pessoas. A música alta de Madonna abafava o som do teclado sendo manuseado.

O destino final ele já imaginava, porém a quantidade de pessoas que lá estavam nunca ia passar pela cabeça do rapaz. Marina, guardando dentro de si um sentido de vingança e sarcasmo impressionantes, soube por uma amiga que ele tinha pênis pequeno. Não, não era 14 ou 15 cm, eram meros 10 cm de pênis, na maior ereção que ele poderia alcançar. Embora tivesse tentado tratar algumas vezes, nada tinha mudado e Júlio escondia isso de todos os amigos e de quase todas as parceiras sexuais. Sempre dava um jeito e compensava muito com os dedos, as mãos e a língua. Mas Marina pouco se importava. No quarto de motel, mais de 20 pessoas à espera do show da garota, que havia prometido sexo ao vivo. Mas não era com Júlio. Marina desvendou o rapaz que, amarrado, nada pôde fazer. Ela puxou um negro alto e começou ali, na frente de Júlio e de todos, uma forte relação sexual, com direito a tudo que um homem pode esperar de uma mulher. O companheiro de aventura usava apenas um gorro de papai noel.

Passado o martírio, Júlio foi deixado por todos. Andou de um lado para o outro tentando entender aquilo tudo. Seu pênis estava mais flácido do que nunca e sua mente girava sem parar. Tomou banho, bebeu cerveja, acendeu cigarros... E só pensava em Marina, uma garota tão bonita e honesta que só o demônio poderia ter feito aquilo com ela. Sentou na cama, olhou uma toalha jogada e várias camisinhas usadas. Chorou sem parar durante alguns minutos e chegou a perder o ar. Na TV passava um filme pornô diferente, com atores brasileiros e gravação tosca. O filme, estampado no cardápio como destaque do dia, era “Mulheres honestas não valem uma dose de conhaque”. Desfaleceu.

13 comentários:

Flávia disse...

Coitado do Júlio. Nenguém pede pra vir ao mundo com o pau pequeno.

Agora... descola pra mim o telefone do negão?

Sunflower disse...

é por isso que eu sempre gostei de um negão (para desespero da minha "conservadora" vó) desde antes desse Obama-bla-bla todo.

kissas

Anônimo disse...

Hahahaha!
O cara errou em vários pontos:
1- Topou namorar.
2- Topou namorar sem comer.
3- Não comeu outras durante o "relacionamento".
4- Aceitou ser vendado (coisa de bicha).
5- Se apaixonou.

O lance é ser cafa mesmo. Se elas são malvadas, a gente consegue ser muito pior quando quer!

Paulista

Sunflower disse...

consegue nada.

Vocês coitados pegam a fama de cachorro, mas a mulher quando decide ser ruim é Eva, Pandora, Helena de Tróia, Cleópatra, só ocorre tipo, uma coisinha de nada como a eminência da destruição de toda a raça humana.

Tinha que ser paulista mesmo.

tsc-tsc-tsc

Paulo Bono disse...

ela, uma puta desgraçada.
Júlio, um idiota desgraçado.

abraço, Carreiro

Anônimo disse...

Ahahahah, a sunflower se doeu.
Mas tem razão: mulher é muito filha da puta mesmo, só que desconta a frustração que passa com os cafas em cima dos bonzinhos.
Aliás, a mina da história só pode ser ficticia mesmo, já que topou ser tida como puta (platéia assistindo) e se vingou do cara que, teoricamente, chifrava ela, quando na realidade ocorre o inverso: mulher morre de medo de pegar fama de puta e nunca se vinga de quem a trata mal (normalmente ficam é mais apaixonadas).

E eu sou paulista mesmo (até eu concordo que é um povo frio e arrogante), mas as baianas adoram. Fazer o que, né?

Anômima disse...

Olha o fórum de discussão nos comentários!
Não acho que mulher desconta a frustração nos bonzinhos, mesmo porque eles não existem, assim como não existem boazinhas. A definição de "bonzinho" é trouxa mesmo...

Sunflower disse...

Não, não me doi porque meu coração é de pedra.

Bom, paulista, foi só uma réplica em tom jocoso. A estória é fictícia, é. Mas o meu ponto, exatamente, como acho que foi do Rodrigo é que sacanagem não tem "sexo" (entre aspas pra você ver a ambiguidade) nem cara.

Só ocasião. E frisei isso com exemplos históricos, mitológicos e bíblicos.

Sou muito mais gente "boa" (novamente em aspas) que muita santinha que conheço, sei fazer o mal, mas prefiro fazer o bem. Uma porra chamada consciencia e tá, a droga da culpa católica que continua aqui pulsante. E por causa das carinhas dela, eu pago.

E tá, as baianas adoram paulistas.

Mwho disse...

Calma, pessoal!
Ficou até barato para o Júlio!
Afinal de contas, ele estava amarrado...

Ramon Pinillos Prates disse...

E viva a vingança!

Anônimo disse...

"Coitadinha"!
Foi tao mal tratada pelos homens que ficou com o coraçao de pedra heheheh (entre aspas que é para voce entender a ironia).
Veja o lado positivo, sunflower: na próxima encarnação voce vai saber escolher melhor!

Concordo com vc: as santinhas sao as mais filhas da puta. Manipuladoras de primeira!

O lance é ser gente boa mesmo, senão os caras que valem a pena vão falar mal de vc e só vai sobrar os desesperados ou bonzinhos ("trouxas" segundo a garota no hall, mas que a meu ver sao apenas ingênuos cheios de boas intenções).

Abraço do paulista.

Rodrigo Carreiro disse...

Estou adorando a discussão. Continuem.
;p

Anônimo disse...

Adoram?****
rsrsrs


Esse negocio de amarrado em motel...tadinho de Julio. Ainda ficou com as camisinhas de presente.
beijos